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Violência

Grupo teatral do RJ sofre agressão policial durante o Festival de Teatro de Curitiba

Diretora da companhia teatral “RangdArt” disse que a agressão foi racista dirigida a uma das artistas negras.

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Uma viatura da Polícia Militar avançou para cima de uma das atrizes negras que se apresentavam. - Foto: Arquivo Pessoal

O Festival de Teatro de Curitiba de 2024 teve início no dia 25 de março e segue até o dia 7 de abril. Além da programação oficial, existe o Fringe, que é uma mostra aberta sem o crivo de curadoria que ocorre durante o evento, quando companhias profissionais e estudantis de teatro, circo, música, dança e performances de várias partes do Brasil, e de dezenas de outros países, participam por meio de inscrições voluntárias e geralmente se apresentam nas ruas da cidade.

E foi uma destas companhias do Fringe que sofreu agressão policial na sexta feira, 29, quando se apresentavam gratuitamente no Largo da Ordem, centro de Curitiba. O grupo de teatro RangdArt, do Rio de Janeiro, apresentava a peça “Eu Sou Você​​” às 15h, em frente ao Bebedouro quando uma viatura da Polícia Militar avançou para cima de uma das atrizes negras que se apresentavam.

Um dia depois o grupo teatral, no lugar de realizar a peça, fez um manifesto. A diretora da Companhia, Allegra Cecarelli, explicou antes da caminhada silenciosa que fizeram em protesto, que a agressão foi racista dirigida a uma das artistas do grupo, que é negra, e se apresentava na hora.


O grupo teatral, no lugar de realizar a peça, fez um manifesto em Curitiba contra a agressão policial sofrida. / Divulgação Redes Sociais

Sindicato e vereador Angelo Vanhoni pedem providências

Em nota nas redes sociais, o Sindicato dos Artistas e Técnicos do Paraná (Sated-PR), disse que é uma ação inaceitável e informa que está pedindo providências para a Corregedoria da Polícia Militar e também pediu uma reunião emergencial para que os policiais sejam devidamente orientados sobre a realização de peças de teatro que integram a programação do Festival de Teatro de Curitiba.

“Vale registrar que a PM havia sido avisada anteriormente pela produção do Festival de Teatro de Curitiba sobre os horários de apresentação, mas de nada adiantou”, disse a nota.

No dia 1, também o vereador e líder da oposição, Ângelo Vanhoni, fez uma fala na Câmara Municipal de Curitiba pedindo que as instituições de segurança pública sejam orientadas quanto à realização de apresentações de peças de teatro nas ruas da cidade.

“O Festival de Teatro tem já 32 anos na cidade e nesta edição temos mais de 100 espetáculos a serem apresentados na rua. O Festival avisa antecipadamente aos órgãos competentes sobre os horários destas apresentações. E, infelizmente, aconteceu um fato triste na sexta-feira quando uma viatura da Policia Militar avançou no calçadão onde estavam se apresentando um grupo de teatro do Rio de Janeiro com 06 artistas. Mesmo avisando que era uma apresentação, não receberam atenção e, por fim, tiveram que registrar um boletim de ocorrência,” disse.

O que diz o Festival de Teatro 

A assessoria de imprensa do Festival de Curitiba esclareceu, em nota,  “que  obtém junto ao poder público todas as autorizações necessárias à realização de seus espetáculos de rua, ainda na fase de produção. Dessa maneira, confia sempre que seus artistas serão acolhidos, e não agredidos, pelas forças de segurança.”

No caso específico dos eventos que envolveram o grupo RangdArt, do Rio de Janeiro, na sexta-feira, 29, no Largo da Ordem, o Festival destaca que prestou imediata solidariedade às vítimas da truculência policial, promoveu reuniões para ouvir e amparar as atrizes em momento tão delicado e acompanhou as artistas à delegacia para registrar o devido boletim de ocorrência.

E, no campo legal, o Festival está trabalhando junto à assessoria jurídica do Sindicato dos Artistas e Técnicos do Paraná, que também ofereceu apoio ao grupo carioca.

O Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar, mas não houve retorno até o fechamento da matéria.

Edição: Pedro Carrano