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PERFIL POPULAR

Professora Nanci é pré-candidata em Pinhais (PR) e quer unir defesa ambiental e social

"Minha trajetória é ligada à Educação, e também à questão das mulheres", afirma

Curitiba (PR) |
De professora que já passou pelo movimento popular, Nanci quer um olhar social para Pinhais - Divulgação

Nanci Stancki da Luz, 58, mora em Pinhais desde 1969, quando ainda era parte do município de Piraquara, do qual se emancipou na década de 90. A trajetória de militância dessa professora pode-se dizer que a levou pelo caminho de todas as frentes de luta e diversas experiências.

“Minha trajetória é muito ligada às pastorais sociais, aos grupos de jovens e à pastoral operária na cidade. De lá vem a ligação que se tinha de fé e construção de um mundo de justiça”, inicia a prosa com a reportagem do BDF PR.

Hoje, Pinhais tem um dos maiores PIBs do estado. O desafio, porém, não é pequeno. Em resumo: lutar pela preservação ambiental, resguardando o direito dos trabalhadores.

Uma das fundadoras do PT na cidade, hoje Professora Nanci se lança à pré-candidatura pela Federação (PT, PV, PC do B). Algumas coisas se mantêm como antes. Outras não. Seu grupo tem o desafio de retomar uma gestão petista onde o partido esteve na gestão entre 2009 e 2016, inclusive à época com grande aprovação nas pesquisas. Mais tarde, o ex-prefeito Luizão deixou o partido e a esquerda. Rosa Maria Colombo (Republicanos) é a atual prefeita.

“Trouxemos políticas sociais para o município, os índices ampliaram na assistência social e saúde, houve uma transformação. Luizão se elegeu à deputado federal e se aliou a Bolsonaro. Agora queremos uma gestão democrática e coletiva, contra o mesmo grupo que se mantém no poder da cidade”, afirma.


PT Pinhais fez a definição por candidatura própria em 2024 / Divulgação

Memória de construções

Ainda no tema da memória, que é sempre caro a um militante, Nanci rememora que os anos 80 foram marcados por lutas sociais intensas, construção de associações de moradores e sindicatos, quando a classe trabalhadora se movimentou. O cenário, magistralmente relatado pelo livro "Movimento Popular e Transporte", de Lafaiete Neves, ocorreu no ABC de São Paulo, em Curitiba, e também se viu em Pinhais.

“Eu participava da associação de moradores do bairro Maria Antonieta (onde vive há 50 anos), conseguimos muitos avanços em relação à questão da Saúde, Educação, e enchentes, que era uma realidade”, lembra.

Educação

O trânsito pelo movimento estudantil, pastoral e popular culminou na construção de carreira no magistério, da rede municipal, estadual, chegando ao ensino superior, no antigo Cefet e hoje UTFPR, onde constrói também o sindicato (SindiUTFPR). Formada em Direito e também em Matemática, Professora Nanci resume que busca a luta pela valorização docente e pelo direito das mulheres.

“Fui candidata à reitora na universidade, pensando a democratização na universidade, a pauta que temos de valorização docente, minha trajetória é ligada à Educação, e também à questão das mulheres”, explica, arrematando, na longa lista de jogos e gols em sua carreira, que foi fundadora há 25 anos do núcleo de Gênero e Tecnologia da instituição, integrante do Conselho Municipal de Direito das Mulheres, com pesquisas na área de proteção contra violência de gênero.


Campanha Despejo Zero tem levantado o caso do Graciosa, de Pinhais, nas mesas de negociação. Resolução do conflito urge / Juliana Barbosa

E o Graciosa?

Certamente, uma cidade se pensa a partir do povo que está em movimento pela sua melhoria.

Neste sentido, entre os vários problemas da cidade, a questão fundiária não pode ser deixada de lado. A inevitável pergunta, que ressoa há décadas, se refere às cerca de 80 famílias que vivem no residencial Graciosa, com uma vida “rururbana”, mas correm o risco de despejo forçado.

A luta da associação de moradores, ao lado da campanha Despejo Zero, garantiu até maio que nenhuma casa fosse demolida em 2024, bem como tem acontecido mesa de negociação com a procuradoria do município, secretaria geral e prefeita, com pressão para que os moradores consigam finalmente acesso à energia estável.

Professora Nanci é taxativa ao afirmar que há urgência no caso, na contramão da vontade da prefeitura.

“Falta vontade política para resolver. Visitei as famílias junto com Tadeu Veneri (deputado estadual, PT), e são 80 famílias que estão abandonadas pelo poder público, com dificuldade interna de locomoção, ruas precárias, filhos estudam no Instituto, mas ônibus não entra na área, não tem água, não tem luz. É um abandono, um processo que está aguardando a questão judicial, mas sempre me lembro do Betinho, quem tem fome tem pressa, pressa por serviços básicos – não pode depender de um processo judicial, deveria ser imediato”, resume.

A professora finaliza a conversa apontando que a questão social e ambiental devem caminhar lado a lado.

Edição: Mayala Fernandes