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Coluna | Bolsonaro admite tentativa de golpe branco

O que Bolsonaro pretendia era dar um "golpe dentro das quatro linhas"

Curitiba (PR) |
A última cartada de tanques nas ruas foi o 8 de janeiro - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Bolsonaro é tão burro que no ato admitiu que teve acesso à minuta do golpe e o tentou a partir da manipulação da Constituição. Ele disse: "O que é golpe? Golpe é tanque na rua. É arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado. Empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil. Fora isso, por que continuam me acusando de golpe? Agora o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de Estado de Defesa. Golpe usando a Constituição?"

Sim, ele admitiu que tentou um golpe branco. Ou seja, a tomada e a subversão do poder a partir da não utilização da força e da instrumentalização de mecanismos legais.

O livro "Como as democracias morrem" é uma boa coletânea mostrando que os golpes modernos não são feitos com tanques nas ruas, mas manipulando os poderes. "Democracias podem morrer não na mão de generais, mas de Líderes eleitos. Alguns desses líderes desmantelam o regime pelo qual foi eleito".

E o que Bolsonaro pretendia era dar um "golpe dentro das quatro linhas". Ou seja, interpretando "um impedimento no VAR conforme seu interesse". Tanto que a minuta tinha objetivos claros de prender o presidente do STF e do Senado. Isso tá lá, isso Bolsonaro viu e mexeu, e isso é golpe.

Já os tanques, se esses não foram para às ruas, como queria Bolsonaro quando pressionou as Forças Armadas, foi porque faltou apoio no alto escalão. Bolsonaro acha que é esperto a citar isso, a falta de força, mas mostra que é burro, pois admite que trabalhou pelo golpe branco.

E a última cartada de tanques nas ruas foi o 8 de janeiro. Tanto que o "esperto" Bolsonaro pediu anistia aos seus golpistas. Ora, mas por quê anistiar quem não cometeu crime? Não eram apenas manifestantes? A anistia serve para quem infringe uma norma e é perdoado. Ao pedir anistia, Bolsonaro admite que seus eleitores tentaram derrubar o governo eleito, favorecendo ele.

Evidentemente, a PF e Alexandre de Moraes saberão juntar os pontos e, como dizem uns e outros na Lava Jato, mostrar que o ex-presidente detinha o domínio dos fatos.

Edição: Lia Bianchini