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Audiência pública na Alep discute apagões da Copel

Empresa dobra lucro líquido enquanto aumentam reclamações dos consumidores

Curitiba (PR) |
Audiência no dia 18 de março vai debater problemas da Copel após privatização - Foto: Valdir Amaral

Como uma empresa que fatura R$ 2,2 bilhões e pretende distribuir mais de R$ 1,1 bilhão de 2023 tem deixado o Paraná inteiro no apagão, piorado o tempo de atendimento e ainda ser multada pela ANEEL por causa das recorrentes alterações de tensão? Essa é a realidade da Copel que uma audiência pública no próximo dia 18 de março deve debater. Convocada pelos deputados estaduais Arilson Chiorato (PT), Luciana Rafagnin (PT) e Anibelli Neto (MDB), o debate com especialistas deve avaliar as condições da empresa privatizada pelo governador Ratinho Junior (PSD) e que manteve na presidência da Companhia o seu indicado político, Daniel Pimentel, irmão do pré-candidato à Prefeitura de Curitba, Eduardo Pimentel (PSD).

Segundo os deputados, “o objetivo é buscar uma solução para as constantes interrupções do fornecimento de energia no Estado, que aumentou significativamente depois da venda da Copel, causando transtornos e prejuízos econômicos tanto para a população quanto para o setor comercial e agrícola”.

Dados da ANEEL mostram que o “Número de Ocorrências Emergenciais com Interrupção de Energia Elétrica” aumentou substancialmente. O pior resultado, por outro lado, é o “Tempo Médio de Preparação”. Em dezembro de 2022, o TMP foi de 175 minutos. Já em dezembro de 2023 saltou para 306 minutos. Ou seja, mais de cinco horas. Na média quadrimestral, a Copel privatizada superou negativamente a Copel pública em 44,9%.

A Copel privatizada já tem recebido volume maior de multas da ANEEL. Anualmente a empresa paga multas elevadas por causa do problema. Notificações que saltaram nos últimos anos. Para se ter uma ideia, a média registrada entre os anos de 2011 a 2018 ficou em R$ 69,7 mil. Já na gestão do governador Ratinho Junior e do CEO da Copel indicado por ele, Daniel Pimentel, o valor saltou para R$ 342 mil em 2018. Os patamares se mantiveram altos e em 2023, no ano da privatização, a Copel teve que pagar R$ 506 mil por descumprimento da tensão regulamentada. Ou seja, crescimento de  625%.

Piora que melhora

A piora do atendimento e o aumento das reclamações dos consumidores não parecem preocupar o CEO da Copel, Daniel Pimentel. O irmão do vice-prefeito de Curitiba comemorou o lucro da companhia em comunicado ao mercado. 

“O êxito do processo de transformação em corporação esteve alinhado às demais operações da empresa. Alcançamos um EBITDA ajustado de R$ 5,8 bilhões e um lucro líquido de R$ 2,3 bilhões, um crescimento de 102% em relação ao ano anterior”, disse.

Edição: Lia Bianchini