Paraná

PAPEL DAS PERIFERIAS

"Esperamos que as prefeituras e governos estaduais optem por trazer recursos federais para as periferias": Guilherme Simões

Secretário nacional de Periferias, do Ministério das Cidades, visitou quatro experiências organizativas em Curitiba

Curitiba (PR) |
O secretário explicou também que a criação da sua pasta pelo governo Lula, no terceiro governo, foi “Uma forma de reconhecimento do papel das periferias - Divulgação

Durante o dia 30 de setembro (sábado), esteve em Curitiba Guilherme Simões, da Secretaria de Periferias, como parte do programa Caravana das Periferias, que percorre o país conhecendo os problemas e propondo soluções para a população periférica do Brasil.

Simões visitou quatro experiências de Curitiba e região que resumem os desafios e lutas dos movimentos populares. Pela manhã, visitou o Núcleo Periférico, construído a partir de militantes do movimento negro, do deputado estadual Renato Freitas (PT), entre outros.

Logo depois, pôde caminhar na histórica Vila Torres, onde conheceu a experiência social do padre redentorista Joaquim Parron, que hoje integra a Frente de Organização dos Trabalhadores (FORT). Simões visitou também a cozinha solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), localizada em São José dos Pinhais e finalizou o roteiro no acampamento das 64 famílias da ocupação Tiradentes II, do Movimento Popular por Moradia (MPM), que neste momento está em vigília diante do aterro sanitário da empresa Essencis.


Na Vila Torres, o secretário ressaltou a dinâmica de exclusão e luta encoberta pelo discurso de cidade modelo da capital paranaense / Divulgação

 

Na Vila Torres, o secretário ressaltou a dinâmica de exclusão e luta encoberta pelo discurso de cidade modelo da capital paranaense. “Sei da história de luta e resistência do povo de Curitiba, no Paraná”, afirmou. No encontro, foi informado que, passada a pandemia, mais de 1000 famílias correm risco de despejo, nas áreas Britanite, Vila União, Guaporé 2, Tiradentes II, Ilha (Xisto), Independência Popular, vila Domitila, além de Graciosa e Independência na região metropolitana, entre outras.

O secretário explicou também que a criação da sua pasta pelo governo Lula, no terceiro governo, foi “Uma forma de reconhecimento do papel das periferias no processo eleitoral (…) O povo pobre que lembra o que foram os governos anteriores foi às ruas, se mobilizou, porque não foi apenas uma eleição, foi uma guerra dos pobres para sobreviver principalmente depois da pandemia. A Secretaria de Periferias é criada neste contexto, agenda importante para todo o Brasil”.

A visita e o mapeamento pelas periferias têm o objetivo de apontar possibilidades de investimento dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nos problemas que afligem a população. O programa reservou R$ 2,7 bilhões para a urbanização de favelas, R$ 1,350 bilhão para obras em encostas e outros R$ 250 milhões para regularização fundiária, num total de R$ 4,4 bilhões.

“O presidente tem lembrado de colocar os pobres no orçamento, na política pública, só assim enfrentamos desigualdades. Temos atribuição mais efetiva de obras de infraestrutura, urbanização e contenção de encostas, que é também uma forma de colocar o pobre no orçamento, dentro do novo PAC anunciado. Esperamos que as prefeituras e governos estaduais optem por trazer recursos federal para as periferias, de Curitiba e região Metropolitana. E os movimentos sociais que atuam na área tem um papel”, ressaltou.


Guilherme Simões, no Núcleo Periférico, conversa com a vereadora Giorgia Prates (Mandata Preta - PT) / Divulgação

De tarde, na vigília promovida desde quinta-feira pelo MPM, Simões se manifesta em solidariedade, apontando que “As lideranças do movimento estão promovendo uma vigília junto com a comunidade, para resistir a esse despejo, que é injusto. Vim aqui para dar o recado do Ministério das Cidades, do presidente Lula. E se depender do governo federal, a comunidade Tiradentes II fica”, afirmou, recebendo comemoração e saudações dos presentes na vigília.


Fala de Guilherme Simões da cozinha solidária do MTST, em São José dos Pinhais / Divulgação

 

 

Edição: Ana Carolina Caldas