Paraná

MORADIA POPULAR

Por moradia, 52 famílias ocupam barracão abandonado no CIC

Na madrugada do dia 5 ocorreram três ocupações por moradia em diferentes cidades

Curitiba (PR) |
Ela afirma que deixou o emprego para garantir o lote e o acesso à moradia. Afirma também que a cozinha é o exercício de trabalho coletivo - Giorgia Prates

Na madrugada do dia 5 de fevereiro, um sábado, foram registradas ao menos três ocupações de diferentes agrupamentos e organizações reivindicando o direito à moradia neste cenário de grave crise econômica.

Duas ocupações não conseguiram permanecer no local: uma delas ocorreu em Campo Largo, envolvendo 40 famílias; a outra em Ponta Grossa, coordenada pela Frente Nacional de Lutas (FLN), quando 60 famílias foram despejadas por um corpo de 200 policiais militares em terreno pertencente a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). O coordenador da FNL em Ponta Grossa, Leandro Dias, foi detido e assinou termo circunstanciado, no batalhão da PM, sendo liberado na manhã de sábado.

Já em Curitiba 52 famílias, a maioria delas composta por mulheres e crianças, ocuparam um barracão abandonado há anos na vila Barigui, na Cidade Industrial de Curitiba.

A ocupação, batizada de Fortaleza, resiste em terreno de propriedade, segundo constam os documentos, inicialmente da Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (Curitiba S/A). Mais tarde, o espaço foi passado à iniciativa privada e encontra-se abandonado há anos.


Na madrugada do dia 5 ocorreram três ocupações por moradia em diferentes cidades / Giorgia Prates

De acordo com Valeria, uma das lideranças locais, integrante do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), a maior dificuldade é a estrutura inicial, uma vez que as famílias deixam tudo, com os filhos a tiracolo, para inicialmente viver em condições difíceis. “As famílias estão precisando muito de alimentação, higiene e uma panela de pressão, se alguém tiver disponível”, afirma.

No espaço, as famílias estão construindo um centro social, com apoio do MTD, montando inicialmente uma cozinha comunitária, a partir da experiência com outras cozinhas já realizadas. Houve a limpeza do espaço abandonado e “hoje sete mulheres da comunidade já estão participando”, afirma a integrante do movimento.

A operadora de caixa Evelyn e a filha moravam de favor na casa de um parente. Ela havia participado de outra ocupação que não teve êxito. Conta também que deixou o emprego para garantir o lote e o acesso à moradia. Para Evelyn, a cozinha é o exercício de trabalho coletivo. “Estamos trabalhando em equipe, nos ajudando, é bom ter a cozinha para as crianças, como não temos o fogão ainda, vamos nos ajudando”, diz.

Apoio

A cozinha comunitária e o centro social ainda carece de itens e pede o apoio da sociedade para doação de materiais, alimentos e estrutura (panelas de pressão, fogão, gás e congelador).

Para auxiliar na compra de alimentos e estrutura para cozinha comunitária, entre em contato via a página do MTD ou pelo fone (41) 996435967

Edição: Pedro Carrano