Através da solidariedade, semear a organização popular. Esse é um dos objetivos da campanha Periferia Viva, que faz doações às populações mais impactadas economicamente pelo coronavírus. A campanha tem abrangência nacional e é composta por vários coletivos e movimentos populares, dentre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), a Consulta Popular e o Levante Popular da Juventude.
Dirigente nacional do MTD e do Periferia Viva, Eliane Martins conta que a ideia de uma rede de apoio aos mais vulneráveis vinha de antes da pandemia, uma vez que o país já vivia cenário de aumento da desigualdade social. Com a chegada do coronavírus, o apoio e a conscientização da população se fizeram urgentes. “A solidariedade precisa trazer uma dimensão ativa, em que as pessoas precisam encontrar o seu lugar como sujeitos. Nosso trabalho não é só entregar alimentos. Temos que trazer essa dimensão da necessária participação coletiva das pessoas. Temos de enfrentar, no meio dessa crise, um governo que está nos condenando a uma situação de genocídio”, diz.
Muitos dos alimentos doados pela campanha vêm de acampamentos e assentamentos do MST. Integrante do MST-PR, Mirele Gonçalves avalia que esse é um momento de união entre campo e cidade. “Ressignificar a solidariedade de classe tem sido isso pra nós: chegar na periferia com essa alimentação que vem da classe trabalhadora que luta por outra forma de produzir, outra forma de viver e pensar a vida na sociedade, em comunidade, pensar outro campo, com gente e escola, não um campo com monocultura”, afirma.
Assim como outras campanhas de solidariedade, a Periferia Viva tem sofrido com a diminuição de doações. Com a chegada do frio no estado, a situação pode piorar. Além de alimentos, há a necessidade de cobertores e agasalhos. “Para enfrentarmos a barbárie, precisamos de muita solidariedade, muita força e trabalho coletivo”, afirma Eliane.
Edição: Gabriel Carriconde