Rio Grande do Sul

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Alcoólicos Anônimos fazem maratona de reuniões online no Carnaval

Esforço é para acolher os pedidos de ajuda que triplicaram durante o isolamento e a solidão da pandemia

Brasil de Fato | Porto Alegre |
De sexta-feira (25) até início da tarde da quarta-feira de cinzas (02) haverá reuniões de A.A. abertas aos interessados - Foto: Amin Chaar

Preocupados com os riscos a que muitos alcoólicos estarão sujeitos durante o feriadão de Carnaval, grupos reunidos de Alcoólicos Anônimos do Brasil vão realizar uma maratona de reuniões online. Desde esta sexta-feira (25) até o início da tarde da quarta-feira de cinzas (2) haverá reuniões de A.A. abertas aos interessados, incluindo não só os membros da irmandade como também as pessoas que possam estar passando por problemas provocados pelo uso da bebida.

É possível acessar a programação completa através do link Bit.ly/MaratonaCarnavalAA2022 ou no site da associação: www.aa.org.br.

“Quem está estruturando a maratona são dois grupos, o da Cidade Baixa, em Porto Alegre, e o grupo Central,  de São Paulo. Estão envolvidas cerca de 80 pessoas na tarefa, fora os convidados, já que haverá várias temáticas, painéis e reuniões de depoimentos”, relata um dos organizadores que, como é regra na entidade, não pode revelar seu nome. E acrescenta: “Já temos dois grupos de Portugal e está havendo adesão de outros do Brasil inteiro”.


Desde o início da pandemia, o número de pedidos de ajuda recebidos pelos A.A. triplicou / Reprodução

“Covid-19 mexeu com o emocional dos alcoólicos”

A proposta repete a maratona similar realizada online pelos A.A. na entrada de 2022. São ocasiões assim, quando acontecem festejos e confraternizações tradicionais, que podem fragilizar a disposição de afastamento do álcool.

Desde o início da pandemia, o número de pedidos de ajuda recebidos pelos A.A. triplicou. Chega a 100 por dia. Espalhada pela sociedade e impondo o distanciamento como questão de sobrevivência, a covid-19 “mexeu com o emocional de muitas pessoas, especialmente dos alcoólicos”, testemunha.

“Muitos grupos (presenciais) fecharam, companheiros se afastaram, ficaram sozinhos. Então montamos as plataformas online para apoiar as pessoas”, revela. No período, mais de 100 mil pessoas participaram dos encontros virtuais.

Participação de mulheres aumentou nove vezes

Na percepção da organização, ficar em casa sem ter tanto contato com amigos e familiares, sem ir ao trabalho e sem saber quando tudo irá passar, gera ansiedade, solidão, falta de perspectiva e medo. “São sentimentos que viram gatilhos para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas, e, por consequência, mais pessoas pedindo ajuda.”

Há um dado novo e inquietante. É o aumento do número de mulheres que buscam as reuniões online. “Antes da pandemia, apenas 5% de mulheres procuravam apoio nos nossos grupos. Com a pandemia, este percentual subiu para 45%”, diz o informante dos A.A.

“Elas invadiram a internet. Acho que se sentiram mais seguras, mais à vontade”, especula. “Sentem-se muito mais confiantes em pedir ajuda por meio do ambiente virtual do que no presencial.”


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Edição: Marcelo Ferreira