Paraná

Gratuito

Mostra exibe filmes silenciosos com trilhas sonoras improvisadas ao vivo

"CineConcertos – O cinema nunca foi mudo" acontece de 20 a 25 de fevereiro, na Caixa Cultural Curitiba

Curitiba (PR) |
Filme Limite (Brasil, 1931), único filme de Mário Peixoto, está na programação da Mostra CineConcertos, com trilha ao vivo executada por Carlos Ferreira e Diego Poloni - Reprodução

Começa nesta terça (20) e vai até domingo (25) a Mostra CineConcertos – O cinema nunca foi mudo, com exibição de filmes silenciosos com trilhas sonoras improvisadas ao vivo. A programação tem cinco longas-metragens e uma sessão de 13 curtas, todos filmes clássicos do cinema mundial musicados por três grupos de diferentes músicos. As sessões serão sempre às 19h, com entrada gratuita, na Caixa Cultural Curitiba.

A retirada dos ingressos poderá ser feita uma hora antes de cada sessão, na bilheteria do teatro. A produção também recolherá alimentos não perecíveis que serão doados para pessoas em situação de vulnerabilidade e o público está convidado a contribuir.

Três das seis sessões serão seguidas por debates, uma delas, no dia 24, contará com audiodescrição e intérprete de libras. Em todas as sessões serão disponibilizados protetores auriculares para público com transtorno do espectro autista (TEA).

“O intuito de reunir filmes tão distintos uns dos outros foi mostrar ao público o quão rico e plural é o cinema silencioso. Era uma época de muita exploração da linguagem cinematográfica que abriu novos horizontes estéticos do cinema e influenciou o mundo. 'Limite', por exemplo, a produção brasileira que integra a Mostra, é considerado por muitos estudiosos e cineastas o melhor filme realizado no país, entretanto poucos o conhecem”, conta Aristeu Araújo, cineasta, crítico de cinema e jornalista que assina a curadoria cinematográfica da Mostra.

Criar a trilha para os filmes é o maior desafio do projeto, a proposta da curadoria musical foi reunir grupos e músicos com trabalhos diferentes entre si para proporcionar ao público diferentes sonoridades para cada filme. O trabalho é de improviso, ou seja, as trilhas para cada filme só vão acontecer uma única vez. Cada grupo de músicos irá musicar duas sessões. Os ensaios serão para conhecer os filmes, definir os instrumentos e determinar um acordo de improvisação.

“Vamos trabalhar com profissionais talentosos e experientes cujo objetivo será criar trilhas não convencionais explorando instrumentos e sons que não eram comuns na época que esses filmes foram produzidos. Será muito instigante acrescentar uma nova camada de sonoridade com texturas contemporâneas aos filmes clássicos”, destaca Luiz Lepchak, curador musical da mostra.

Os músicos convidados são: Antonio “Panda” Gianfratti (do Grupo Abaetetuba); Carlos Ferreira e Diego Poloni (música experimental, guitarra elétrica, sintetizadores e pedais de efeitos) e Juarez Neto Sexteto - grupo de jazz de Curitiba, criado especialmente para a Mostra, composto por: Lilian Nakahodo (pianista), Duda Comunello (guitarrista), Igor Loureiro (baixo elétrico), Gabi Bruel (percussionista) e Dani Dalessa (baterista).

Confira a programação

20/02 (terça) – 19h (*com debate na sequência):

  • Curtas de Alice Guy / França (1898 a 1907); duração: 48min; direção: Alice Guy

  • Música ao vivo: Juarez Neto Sexteto

  • Classificação: Livre

  • Filmes cedidos pelo Institut Français de Cinema que serão exibidos: “Chez le magnétiseur”, “Chirurgie fin de siècle”, “Avenue de l’opéra”, “Chapellerie et charcuterie mécaniques”, “Chez le photographe”, “Questions indiscrètes”, “Madame a des envies”, “Les Résultats du féminisme”, “Le Lit à roulette”, “La Course à la saucisse”, “Alice Guy tourne une phonoscène?”, “Sur la barricade” e “Le Billet de banque”.

  • Embora tenha sido apagada da história, Alice Guy foi a primeira a fazer ficção no cinema.

21/02 (quarta) – 19h

  • Nanook, O Esquimó / França, EUA (1922); duração: 78min; direção: Robert J. Flaherty

  • Música ao vivo: Juarez Neto Sexteto

  • Classificação: 12 anos

  • O filme é considerado o primeiro documentário formal da história do cinema. Documenta um ano da vida do esquimó Nanook e de sua família, que vivem em Hudson Bay, no Canadá. Retrata a caça (a animais como o leão marinho), a pesca e as migrações de um grupo que está totalmente à parte da industrialização da década de 20. Registra o cotidiano de uma família que realiza as atividades do dia-a-dia com foco basicamente em uma única questão: ter o que comer.

22/02 (quinta) – 19h (*com debate na sequência)

  • Nosferatu / Alemanha (1922); duração: 94min; direção: F.W. Murnau

  • Música ao vivo: Antonio Gianfratti

  • Classificação: 12 anos

  • Um clássico do cinema Expressionista alemão. Hutter, agente imobiliário, viaja até os Montes Cárpatos para vender um castelo no Mar Báltico cujo proprietário é o excêntrico conde Graf Orlock, que na verdade é um milenar vampiro que, buscando poder, se muda para Bremen, Alemanha, espalhando o terror na região. Curiosamente quem pode reverter esta situação é Ellen, a esposa de Hutter, pois Orlock está atraído por ela.

23/02 (sexta) – 19h

  • São Paulo, Sinfonia da Metrópole / Brasil (1929); duração: 90min; direção: Rodolfo Lustig e Adalberto Kemeny

  • Música ao vivo: Antonio Gianfratti

  • Classificação: 10 anos

  • A cidade de São Paulo no final da década de 20. Urbanismo, moda, monumentos públicos, industrialização, fatos históricos, expansão do café, educação e o burburinho do cotidiano. Baseados no clássico Berlim – Sinfonia da Cidade (1927), os húngaros Adalberto Kemeny e Rodolfo Lustig, donos de um dos melhores laboratórios de cinema da época, produziram este documentário.

24/02 (sábado) – 19h (*sessão com audiodescrição e debate na sequência com intérprete de libras)

  • Pour Don Carlos / França (1921); duração: 90min; direção: Musidora e Jacques Lasseyne

  • Música ao vivo: Carlos Ferreira e Diego Poloni

  • Classificação: 12 anos

  • Baseado no livro de Pierre Benoît, o filme retrata a guerra civil entre o governo republicano local e os Carlistas, apoiadores do pretendente ao trono da Espanha, no final do século XIX. Um jovem subprefeito cai em uma armadilha elaborada pela musa da insurreição Carlista antes de se juntar à causa.

25/02 (domingo) – 19h

  • Limite / Brasil (1931); duração: 120min; direção: Mário Peixoto

  • Música ao vivo: Carlos Ferreira e Diego Poloni

  • Classificação: 12 anos

  • Único filme de Mário Peixoto. Em um pequeno barco à deriva, duas mulheres e um homem relembram seu passado recente. Uma das mulheres escapou da prisão; a outra estava desesperada; e o homem tinha perdido sua amante. Cansados, eles param de remar e se conformam com a morte, relembrando (através de flashbacks) as situações de seu passado. Eles não têm mais força ou desejo de viver e atingiram o limite de suas existências.

Edição: Lia Bianchini