Paraná

SERVIÇO PÚBLICO

Enquanto Greca discursava na Câmara, servidores municipais protestavam nas escadarias

A abertura dos trabalhos na Câmara aponta também um balanço de oito anos, do ajuste fiscal às pautas pendentes

Curitiba (PR) |
Servidoras em protesto por melhores condições para o serviço público - Pedro Carrano

Participando da sessão de reabertura dos trabalhos da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), o prefeito Rafael Greca (PSD) discursou e fez um balanço de sua segunda gestão. Estava ao lado do presidente da casa, Marcelo Fachinello (Podemos), e trazia a tiracolo o vice prefeito e secretário estadual de Cidades, Eduardo Pimentel.

Porém, nas escadarias e do lado de fora, servidores municipais e também a direção do magistério municipal concentraram-se para uma manhã de protesto e cobrança ao atual prefeito.

De acordo com o site da Câmara, a sessão de reabertura do trabalho legislativo não teve ordem do dia. Com três projetos de lei em pauta, as votações, em primeiro turno, serão retomadas apenas amanhã (terça, 6).

Enquanto isso, em sua fala de abertura após o recesso, Greca ressaltou como conquistas os avanços ambientais de sua gestão, citando o projeto "Bairro Novo da Caximba", “primeiro bairro popular de moradia no Brasil", afirmou. Falou também do plantio de árvores desde 2019 – entre outros pontos -, defendendo que o urbanismo também passa “pelo embelezamento” da cidade.

Debaixo de sol forte, servidores e direção do Sismuc usaram o caminhão de som para sua fala chegar até a mesa diretora da CMC. Loide Ostrufka, professora de educação infantil e integrante da direção do Sismuc, afirma que a comunidade conhece os trabalhadores, mas não os gestores de cada pasta. A exigência era de respeito e valorização.

“O mínimo é o respeito pelo serviço público e o respeito ao servidor. A comunidade não conhece os secretários de cada pasta, mas conhecem os trabalhadores da escola, da saúde, trabalhador que a comunidade tem vínculo”, falava, do alto das escadarias.


Já debaixo de sol forte, servidores e direção do Sismuc usaram o caminhão de som para sua fala chegar até a mesa da CMC / Pedro Carrano

Pautas e demandas

Soraya Cristina, também da direção do Sismuc, ressalta que o caráter do ato era sobretudo geral, em um ano de eleições, conscientizando a população a “não votar em nomes que sejam contra os servidores e contra o povo”, define.

No entanto, o Sismuc também levantou críticas e pautas específicas ainda pendentes com a gestão. Foi o caso da exigência do aumento do teto de desconto de 14% dos aposentados que recebem acima de 2 salários mínimos; o teto do auxílio-alimentação e o descumprimento da hora-atividade.

Servidores levantaram também as "condições insalubres dos dentistas trabalhando sem ventilador", em meio à onda de calor, entre outras questões.

A servidora Lindacir, professora da educação infantil, há 28 anos no serviço público, compareceu ao ato e falava em melhoria das condições de trabalho:

“Estamos com número menor na nossa sala, sem permanência, até hoje nós nunca tivemos permanência todas as semanas. Além da condição de trabalho, estamos exigindo também o aumento do teto do vale-alimentação”, afirma, lamentando que a greve de cinco dias em 2014 ainda não teve toda a sua pauta cumprida.

De forma geral, a abertura dos trabalhos da Câmara e a presença de Greca vão trazendo o capítulo final de um ciclo de oito anos, na qual a memória dos servidores aponta que iniciou com a repressão, em 2017, no episódio do Pacotaço da Ópera de Arame, no atropelo da votação das medidas de ajuste fiscal, e encerra, em 2024, com uma série de demandas e pautas pendentes.


Servidores criticam gestão Greca pela série de pautas pendentes / Pedro Carrano

 

 

Edição: Lucas Botelho