Na manhã do dia 28 de setembro de 2023, 64 famílias ameaçadas de despejo forçado, na área Tiradentes II, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) ocuparam a entrada do aterro da transnacional Essencis e bloquearam o acesso dos caminhões de lixo do maior aterro sanitário instalado na capital, questionado pelo impacto em região de preservação ambiental (APA) e da represa do Passaúna.
Após desbloquear a estrada, as famílias, o Movimento Popular por Moradia (MPM), a campanha Despejo Zero e organizações apoiadoras, instalaram a chamada Vigília pela Vida, logo ao lado da entrada da empresa.
Neste domingo (28 de janeiro), quatro meses e mais de 120 dias se completaram. De acordo com o movimento, a princípio sem sinal de negociação por parte de empresa e da prefeitura.
"Vale lembrar ainda que a empresa atua irregularmente sem o devido Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) desde 2010, o que já foi objeto de ação civil pública movida pelo Ministério Público do Paraná em 2014 e ainda em trâmite", apontava o MPM, à época da criação da vigília.
No final de 2023, houve pressão e embates entre empresa e famílias em torno da possibilidade de permanecer na área.
Em peça processual da defesa jurídica do grupo transnacional Essencis/Solví, dirigida à 17ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba/PR, assinada pelos advogados André Ricardo Brusamolin e Pedro Paulo Pamplona, a empresa alegava que não havia mais negociação possível e exigia o cumprimento da reintegração de posse contra as 64 famílias da ocupação. Em cerca de dez dias, foram feitas três petições por parte da empresa.
Em período de recesso, o Judiciário, por sua vez, a princípio não considerou a demanda como urgente.
Mesmo o controverso incêndio ocorrido no dia 24 de dezembro de 2023 gerou embates entre os dois lados. Em petição, os advogados da Essencis pediram aceleração do despejo forçado e sugeriram indiretamente responsabilidade do movimento no ocorrido. Já o movimento, por sua vez, aponta que o incidente demanda investigação: "O incêndio não justifica o cumprimento da medida (de reintegração de possa). Se for necessário, que se investigue o que ocorreu. A empresa saiu profundamente desgastada desse episódio", afirma Chrysantho Sholl, da coordenação do Movimento Popular por Moradia (MPM).
Edição: Pedro Carrano