Paraná

LUTA POR MORADIA

Há quatro meses, famílias estão acampadas na frente do aterro da Essencis

No final de 2023, houve pressão e embates entre empresa e famílias em torno da possibilidade de permanecer na área

Curitiba (PR) |
Lideranças da Vigília pela Vida em reunião no final de 2023 - Pedro Carrano

Na manhã do dia 28 de setembro de 2023, 64 famílias ameaçadas de despejo forçado, na área Tiradentes II, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) ocuparam a entrada do aterro da transnacional Essencis e bloquearam o acesso dos caminhões de lixo do maior aterro sanitário instalado na capital, questionado pelo impacto em região de preservação ambiental (APA) e da represa do Passaúna.

Após desbloquear a estrada, as famílias, o Movimento Popular por Moradia (MPM), a campanha Despejo Zero e organizações apoiadoras, instalaram a chamada Vigília pela Vida, logo ao lado da entrada da empresa.

Neste domingo (28 de janeiro), quatro meses e mais de 120 dias se completaram. De acordo com o movimento, a princípio sem sinal de negociação por parte de empresa e da prefeitura.

"Vale lembrar ainda que a empresa atua irregularmente sem o devido Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) desde 2010, o que já foi objeto de ação civil pública movida pelo Ministério Público do Paraná em 2014 e ainda em trâmite", apontava o MPM, à época da criação da vigília.

No final de 2023, houve pressão e embates entre empresa e famílias em torno da possibilidade de permanecer na área.

Em peça processual da defesa jurídica do grupo transnacional Essencis/Solví, dirigida à 17ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba/PR, assinada pelos advogados André Ricardo Brusamolin e Pedro Paulo Pamplona, a empresa alegava que não havia mais negociação possível e exigia o cumprimento da reintegração de posse contra as 64 famílias da ocupação. Em cerca de dez dias, foram feitas três petições por parte da empresa.


Vigília da ocupação Tiradentes II em frente ao aterro da Essencis / Pedro Carrano

Em período de recesso, o Judiciário, por sua vez, a princípio não considerou a demanda como urgente.

Mesmo o controverso incêndio ocorrido no dia 24 de dezembro de 2023 gerou embates entre os dois lados. Em petição, os advogados da Essencis pediram aceleração do despejo forçado e sugeriram indiretamente responsabilidade do movimento no ocorrido. Já o movimento, por sua vez, aponta que o incidente demanda investigação: "O incêndio não justifica o cumprimento da medida (de reintegração de possa). Se for necessário, que se investigue o que ocorreu. A empresa saiu profundamente desgastada desse episódio", afirma Chrysantho Sholl, da coordenação do Movimento Popular por Moradia (MPM).


No final de 2023, houve pressão e embates entre empresa e famílias em torno da possibilidade de permanecer na área / Pedro Carrano

 

 

Edição: Pedro Carrano