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"Era Fernando Diniz" na Seleção Brasileira luta contra o imediatismo

O traço mais marcante desse início de trabalho talvez tenha sido a empolgação com o "jeito brasileiro de jogar"

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Diniz terá tempo para implantar algo novo na Seleção? - Vitor Silva _ CBF

Podemos dizer que a “era Fernando Diniz” na Seleção Brasileira teve um bom início. Duas vitórias em dois jogos, seis gols marcados, apenas um sofrido, boa e promissora atuação contra a Bolívia e resiliência e controle dos nervos para vencer o Peru.
Mas talvez o traço mais marcante desse início de trabalho do treinador tenha sido a empolgação marcante daqueles que celebram o “resgate da essência do nosso futebol” com a adoção do estilo de jogo que ficou conhecido como “Dinizismo”. Me refiro ao toque de bola pelo chão, às trocas de posições e à fluidez que o Brasil apresentou em Copas do Mundo. Principalmente nas de 1970 e 1982.
É nesse contexto que Fernando Diniz chegou na Seleção Brasileira. Como um treinador que tem ideias arrojadas e que propõe um resgate do estilo que transformou o futebol jogado aqui por estas bandas no melhor do planeta. Pelo menos é isso que vem sendo passado para o torcedor nas principais mesas de debate na imprensa esportiva e nas redes sociais. Principalmente depois da goleada de 5 a 1 sobre a a Bolívia.
No entanto, a vitória magra sobre o Peru mudou um pouco esse discurso mais ufanista. Aqui no Brasil, as coisas funcionam mais pelo lado do imediatismo do que qualquer coisa. Ou o consideram um gênio, o (re)descobridor do fogo eterno do futebol-arte, o “Dom Sebastião” que vai nos liderar até a glória do hexacampeonato mundial…Ou o tratam como um embusteiro, uma “falsiane”, um “Professor Pardal” desesperado à beira do campo que não sabe o que está fazendo ali.
Falta equilíbrio nas análises e falta também entender que esse imediatismo, esse desrespeito aos processos é uma das grandes mazelas do nosso futebol.
Mais do que nunca, se quisermos ver a Seleção Brasileira brilhando novamente como há vinte ou trinta anos atrás, precisamos ter calma e deixar que as coisas aconteçam dentro de campo. Dar tempo ao tempo e ter um mínimo de paciência e equilíbrio nas análises é fundamental. Ainda mais num processo em que nem sabemos se Fernando Diniz vai permanecer na equipe depois de junho de 2024.

Edição: Lia Bianchini