Paraná

Nepotismo

Sindicato denuncia que prefeito de Araucária gastou R$ 9 milhões em contratação de parentes

Ministério Público do Paraná é acionado para investigar possíveis prejuízos à cidade

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Prefeito é acusado de contratar familiares com salários de R$ 20 mil - Divulgação_Sifar

A Grande Família de Araucária. É assim que o sindicato dos servidores municipais, Sifar, chama a mais nova denúncia contra o prefeito da cidade, Hissam Hussein, por nepotismo. O município, que fica na Região Metropolitana de Curitiba, famoso por ter refinarias da Petrobras, ganhou as manchetes do Brasil e do mundo por conta de denúncias envolvendo o chefe do executivo municipal, como ter casado com uma jovem de 15 anos de idade e nomeado sua irmã para a secretaria de Cultura. 

O Brasil de Fato teve acesso à denúncia apresentada pelo Sifar ao Ministério Público, MP, em que aponta que 12 parentes do prefeito Hissam foram nomeados na Prefeitura, entre secretarias e outros cargos comissionados, com salários de R$ 20 mil. Ao todo, o município teria gastado cerca de R$ 9 milhões com parentes do prefeito. “Inicialmente, é preciso dizer que além das nomeações individuais de parentes do prefeito, chama a atenção o conjunto delas, o movimento de sucessivas nomeações e exonerações seguidas de novas nomeações para o mesmo cargo, bem como também de exonerações definitivas quando a relação de parentesco também se desfaz”, diz um trecho da notícia de fato apresentada ao MP, que possui cerca de 32 páginas. 

Ex-esposa 

Entre os parentes citados pela denúncia estão a ex-esposa do prefeito, que teria ficado por quatro anos à frente da Secretaria de Assistência Social, além de sua filha, que é secretaria de Administração, e uma outra filha, que atualmente trabalha na Secretaria de Gestão de Pessoas. 

Para Bernardo Paim, diretor do Sifar, a prática de nepotismo na Prefeitura se soma à prática de exonerações de acordo com rompimentos pessoais com o prefeito, que acabaria onerando os cofres públicos. “No caso dessa denúncia de nepotismo há alguns casos, mas não todos, estamos preparando novo documento demonstrando que quase todos os secretários tiveram a mesma prática de exonerar e ser contratado, o que fere vários princípios da administração pública. Cada exoneração dessa custa quase R$ 80 mil”, diz. 

Um dos casos citados pelo Sifar é na secretaria municipal de Administração, chefiada pela filha do prefeito. De acordo com a denúncia, Yasmin Hissam Dehaini teria sido nomeada para o cargo logo após ter se separado de seu ex-marido, Eduardo Rodrigues Melo, que ocupou o posto num período anterior à nomeação de Yasmin. O Sifar afirma que imediatamente após a separação e exoneração do ex-secretário, Yasmin foi para a pasta. “O que demonstra que o intuito da nomeação de Eduardo seria favorecer a filha do prefeito, e não a boa administração, da coisa pública. Com a separação, o prefeito a nomeou sua filha para o cargo de secretária de Administração, onde permanece até o momento”, diz a denúncia. 

Outra situação exposta é a nomeação de José Roberto Martins como secretário de Trabalho e Emprego, em 2017. Durante o período que foi secretário, o prefeito era casado com Cristiane Inez Martins, também secretária. Quando o relacionamento dos dois terminou, a denúncia cita que José Roberto teria sido exonerado. “Nomeações e exonerações supramencionadas demonstram que os cargos políticos de secretários municipais foram preenchidos a fim de beneficiar parentes, e não em prol da finalidade pública. O favorecimento fica evidente quando são exonerados exatamente no momento em que as relações conjugais ou de parentesco se extinguem”, cita o documento do sindicato. 

O MP vem investigando a gestão de Hissam, sendo que no último dia 1º promoveu uma operação na casa do político para apurar crimes contra a administração pública. De acordo com o MP, a investigação ocorre em segredo de justiça em “razão da natureza dos delitos investigados”. 

Outro lado 

A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Prefeitura de Araucária para ter posicionamento sobre as denúncias apresentadas pelo Sifar. Até o fechamento desta edição não houve respostas.

Edição: Frédi Vasconcelos