Paraná

Direitos humanos

Moradores de ocupação em Curitiba reclamam de abordagens da PM

Na comunidade Britanite, policiais militares invadem casa sem mandado

Curitiba |
PM age de maneira irregular na periferia de Curitiba - Giorgia Prates

Localizada na região sul de Curitiba, no bairro Tatuquara, a ocupação Britanite tem sido alvo de abordagens excessivas por parte das forças de segurança, com entrada nas casas sem mandado judicial, de acordo com moradores. A ocupação surgiu no final de 2020, no Jardim Veneza, em um terreno abandonado pertencente a uma fábrica de explosivos. A ocupação tem cerca de 407 famílias que, por conta dos despejos na pandemia e da crise econômica, viram na ocupação do terreno alternativa para terem onde morar.

Violência policial

De acordo com o coordenador da ocupação, Hemerson Moreira, a comunidade vem lidando com batidas policiais excessivas sem qualquer critério. “Polícia Militar e a Civil estão agindo muito além de suas atribuições funcionais. Aproveitando de suas prerrogativas para maltratar, humilhar e fazer agressões de todas as formas contra famílias de bem. Pais e mães trabalhadores, pessoas decentes, que nunca tiveram sequer um erro na justiça criminal”, critica.

Moreira ainda denuncia que os polícias entram nas casas dos moradores sem mandado judicial. “Entram nas casas, sem mandado judicial, aproveitam para humilhar as pessoas. A polícia aborda todos os moradores, querendo explicações porque está rua após o anoitecer, como se houve um toque de recolher, e como se quem andasse após as 19h fosse criminoso”, diz. Ele ainda relata que já teve sua casa invadida. “Estava com uma visita em minha casa quando a polícia entrou, colocando um fuzil na cara da visita. Sem mandado, sem qualquer atividade suspeita”, relata.

Para Martel Dal Colle, do grupo policiais antifascistas, a PM age na comunidade sem qualquer motivação clara. “A função da polícia ali é garantir a segurança das pessoas, não tem poder de julgar se a ocupação é irregular ou não, essa é uma prerrogativa do Judiciário”, analisa. Dal Colle aponta ainda a diferença de tratamento dos órgãos de segurança. “Porque em ocupações os policiais se sentem mais confortáveis em tomar determinados tipos de atitude? Porque são pessoas que eles sabem que não têm defesa, ou assim acreditam, então há uma certa impunidade, e uma ideia de que ali eles podem fazer o que quiserem”, critica.

A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Polícia Militar do Paraná a respeito da reclamação dos moradores e aguarda retorno de sua assessoria.

Edição: Frédi Vasconcelos