Paraná

Curitiba

Moradores e pesquisadores pedem que área de ex-hospital vire bosque, não supermercado

Para pesquisador ambiental, terreno cumpria uma função social e o local poderia ser melhor aproveitado com áreas verdes

Curitiba (PR) |
"Espaços da cidade deveriam ser preservados, com o aumento de bolsões verdes para reduzir os impactos das mudanças climáticas", defende ambientalista - Divulgação

Na rua Nilo Peçanha, no coração do bairro São Francisco, área central de Curitiba, até 2012 um amplo terreno servia de sede do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro. Após seu fechamento, a área está prestes a se tornar mais um supermercado da rede Angeloni. Contudo, ambientalistas, pesquisadores e moradores da região defendem que ali seja criado um bosque com área verde pública.

Por isso, no domingo (9), manifestantes protestaram em frente ao terreno e pediram para que a empresa reveja o empreendimento, e que a prefeitura de Curitiba faça uma área de lazer no espaço.

Para o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e ambientalista Eloy Casagrande, o terreno cumpria uma função social e o local poderia ser melhor aproveitado com áreas verdes.

“Ali foi um espaço de cura, inclusive para uso dos antigos pacientes no bosque. E quando olhamos para os espaços da cidade que deveriam ser preservados, com o aumento de bolsões verdes para reduzir os impactos das mudanças climáticas, percebe-se que, nesse caso, se privilegia mais o asfalto e o concreto”, diz.

Eloy ainda cita ainda os impactos ambientais da obra. “Ali existem lençóis freáticos, ao lado do bosque há três nascentes e vão cavar por perto, o que deverá afetá-las. Inclusive já existem outros mercados na região”, afirma. O professor conta que não existiu preocupação no impacto social e ambiental e tampouco diálogo entre os moradores e o poder público.

Respostas oficiais

Em nota à imprensa, o Grupo Angeloni afirmou que “o processo de licenciamento para a construção da loja incluiu todos os estudos ambientais necessários para concessão de licença.” Ainda afirma “que os 4 mil metros quadrados formados por bosques nativos, dentro dos 17 mil metros quadrados adquiridos, serão integralmente preservados e mantidos, conforme compromisso assumido junto aos órgãos ambientais.”

A prefeitura de Curitiba, via Secretaria de Urbanismo, cita que o terreno é formado por dois lotes de propriedade particular, “e num deles foi autorizada a construção do hipermercado. O alvará foi emitido em 25 de julho deste ano e determinou a manutenção do bosque, situado na parte dos fundos do terreno."

Uma ação civil pública movida pelo Ministério Público e pela Promotoria de Meio Ambiente chegou a questionar o uso do terreno, mas a Justiça acabou negando o pedido do órgão. 

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini