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“Entram na casa de moradores e passa na TV”, moradores relatam operação policial no Parolin

Polícia entrou em casa de moradores na manhã desta quinta (2), com transmissão sensacionalista na TV

Curitiba (PR) |
Operação aconteceu na manhã desta quinta (02), transmitida ao vivo na TV - Reprodução Rede Massa

Uma operação policial assustou moradores do bairro Parolin, região central de Curitiba, na manhã desta quinta (02). Uma moradora relatou ao Brasil de Fato Paraná que abriu a porta de sua casa às 6h55 da manhã e se deparou com a movimentação na rua. Eram 12 viaturas no total.

A queixa da população é que a operação ocorreu na casa de pessoas trabalhadoras, gente que não deve nada para a Justiça. “E só pra mostrarem trabalho”, diz a moradora, que teve sua identidade oculta por questões de segurança. “Eles entraram na casa [outra moradora] dela e ela saindo para trabalhar”, conta a moradora. Em grupos de WhatsApp, moradores contam que foram duas casas revistadas na mesma rua.

Segundo a Polícia Civil, a operação buscava um suspeito de tráfico de drogas. Foram encaminhadas ao Parolin equipes da Divisão de Homicídios em busca de Kleberton Ivan da Silva Souza, acusado de chefiar o tráfico de drogas na região. A Polícia estaria cumprindo mandados de busca e de prisão na manhã deste dia 2. O suspeito permanece foragido. Outro suspeito foi preso e a polícia informou ter apreendido maconha, cocaína e dinheiro trocado.

Sensacionalismo midiático

Enquanto a polícia realizava a operação, a Rede Massa, que é de propriedade da família do governador Ratinho Júnior (PSD), fazia cobertura ao vivo.

Às 6h47 da manhã, a reportagem mostrava imagens das casas e dos comércios do local acompanhadas da chamada: “AGORA: PRIMEIRO IMPACTO JUNTO COM A POLÍCIA À CAÇA DE GANGUES QUE ESTÃO ATERRORIZANDO EM TIROTEIOS”. Em outro momento, a chamada muda: “URGENTE: POLÍCIA EM VIELAS DE COMUNIDADE À CAÇA DE RESPONSÁVEIS POR TIROTEIO EM DISPUTA DE GANGUES”.

Em grupos de WhatsApp, a situação também foi comentada entre moradores. Uma mensagem critica a forma como a cobertura da mídia chega nas favelas. “Passou na TV ao vivo. Tudo errado. Onde realmente é para entrar, não vão”, escreveu uma moradora. “A chamada que eles fazem é o morador de bandido, entram na casa de trabalhadores e passa na TV. Fica feio, né?”, concordou outra.

*Os moradores não tiverem seus nomes identificados por questões de segurança.

Edição: Lia Bianchini