Paraná

DESPEJO ZERO

Moradores de áreas de ocupação e movimentos populares fazem ato dia 23 contra despejos forçados

Querem garantia de, no mínimo, nenhum despejo em todo o ano de 2022, além de condições e direitos para as comunidades

Curitiba (PR) |
Além de abertura às negociações, as comunidades puderam entregar dossiês com seu histórico, situação e problemas principais - Giorgia Prates

Nos dias 17 de março e 14 de abril, respondendo ao chamado nacional da campanha Despejo Zero, movimentos populares do campo, movimento indígena, áreas de ocupação e movimentos urbanos foram às ruas da capital paranaense, em unidade inédita, na jornada por direitos por "Terra, Teto e Trabalho".

Somente em Curitiba participaram mais de 10 áreas de ocupação, a maioria delas recentes, surgidas com o agravamento da crise social no período de pandemia.

Reivindicações também estão presentes em Campo Largo, Ponta Grossa, Londrina, entre outras cidades.

Os principais movimentos envolvidos são o MST, o Movimento Popular por Moradia (MPM), a Casa de Passagem Indígena, o MTST, a Frente Nacional de Lutas (FNL), o Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD), Núcleo Periférico, entre outros.

Agora, o próximo ato está agendado para o dia 23 de junho (quinta), com concentração às 13 horas na praça Eufrásio Correa, na frente da Câmara Municipal de Curitiba, com caminhada até o Centro Cívico e nova mesa de negociações com o poder público.

A expectativa é de organização de mais de 4 mil pessoas, do interior e de Curitiba e região metropolitana. Contam, também, com apoio de sindicatos e organizações do campo progressista.

“Todas as ocupações estão se organizando, fazendo suas assembleias, suas faixas, seus dossiês para a nossa jornada de luas, para negociar com diversas autoridades. Essa campanha do Despejo Zero envolve igrejas, partidos, sindicatos, sensíveis à causa das ocupações e que também estão se somando nessa grande jornada de lutas. Esperamos ansiosos por nova decisão do STF para não haver despejo em 2022, mas também aqui no estado a chance de criar um documento para que aqui no estado não haja despejo e possamos avançar na regularização”, afirma Joabe Oliveira, da coordenação estadual do MST.

Despejo Zero

Aprovada pelo Congresso, a lei que proíbe despejos foi vetada por Bolsonaro. Mas o Congresso derrubou o veto e a lei valeria até o fim de 2021, o que foi postergado para 31 de março por decisão do Supremo Tribunal Federal. Ao longo desse período de pandemia, a Lei nº 14.216 e a ADPF nº 828, ao lado de outras decisões, determinaram suspensão de despejos e remoções em razão da pandemia.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, estendeu até 30 de junho a vigência de lei. Calcula-se que atualmente 132.290 famílias estão ameaçadas de despejo no Brasil. No estado do Paraná, desde 2020, foram realizados despejos que impactaram 1600 famílias.

Em meio a um ano eleitoral, as organizações populares querem garantia de, no mínimo, nenhum despejo em todo o ano de 2022. No Paraná, em particular, contam com um canal de interlocução diferenciado, que envolve a Comissão de Mediação de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do estado (CEJUSC), governo do estado, Ministério Público, Defensoria Pública do Estado, entre outros órgãos.

Além de abertura às negociações, as comunidades puderam entregar dossiês com seu histórico, situação e problemas principais.

Edição: Pedro Carrano