Paraná

Futuro

Abril Indígena aproxima estudantes da história real do Brasil

Objetivo é divulgar cultura indígena como meio de salvar o planeta

Curitiba (PR) |
Evento "trouxe a população para dentro da floresta para mostrar nossos projetos de defesa da vida, de semear sementes para brotar”, diz Isabel Tukano - Foto: Giorgia Prates

Com o tema “Nhandereko para salvar o planeta” aconteceu este ano a primeira edição do Abril indígena no Território Indígena Floresta Estadual Metropolitana, em Piraquara. Promovido por famílias dos povos Guarani, Kaingang, Tukano e Terena, em parceria com a prefeitura da cidade e movimentos populares, o evento foi parte das mobilizações realizadas em todo o Brasil destacando a cultura e luta dos povos indígenas.

“Nhandereko” significa um modo de vida tradicional indígena e, segundo os organizadores, o tema foi escolhido com o objetivo de sugerir costumes indígenas, como os cuidados com a natureza e o modo de interagir com a terra, exemplo a ser seguido para salvar o planeta.

A programação contou com atividades culturais, de plantio de árvores a rodas de conversa voltadas à vivência dos costumes indígenas. Alunos das escolas municipais de Curitiba e Região Metropolitana também realizaram visitas e participaram de várias ações.


Evento foi parte das mobilizações realizadas em todo o Brasil destacando a cultura e luta dos povos indígenas / Foto: Giorgia Prates

“Nós construímos essa programação para receber as escolas municipais e, assim, divulgar a importância da cultura indígena e disseminar a necessidade de união dos povos. Quem chegar aqui vai vivenciar o modo de vida real dos povos indígenas, e não o caricaturizado”, explicou Eloy Jacinto, do povo Guarani e um dos organizadores do evento.

Rodas de conversa também aconteceram entre indígenas e estudantes para debater temas atuais e conscientizar sobre a história dos povos indígenas no Brasil.

"Falamos sobre a história verdadeira do passado e a realidade no Brasil atual. Por exemplo, sobre os projetos que estão tramitando no Congresso e tentam acabar com os povos indígenas e o meio ambiente”, contou Eloy.


"Quem chegar aqui vai vivenciar o modo de vida real dos povos indígenas", explicou um dos organizadores do evento / Foto: Giorgia Prates

Contra a retirada de direitos

Entre as pautas políticas e nacionais do Abril Indígena de 2022 está a luta contra ameaças que vêm do Congresso Nacional. Indígenas em todo o país se mobilizam contra a aprovação de projetos que ameaçam direitos e a preservação dos territórios tradicionais.

Entre eles, os PL 490/2007 — que pode modificar as atuais normas legais para demarcação de terras indígenas — e o PL 191/2020 — que abre a possibilidade de projetos de mineração e de infraestrutura em terras indígenas.

Isabel Tukano, coordenadora do Levante pela Terra e também uma das organizadoras do Abril Indígena, diz que o 19 de abril não é de festa. “Não temos muito o que comemorar porque é muita destruição e muito derramamento de sangue. O atual governo tenta colocar uns contra os outros, fazendo lavagem cerebral, tentando convencer que os projetos vão trazer progresso. Por isso, fazemos nosso Abril Indígena para trazer reflexões. Nosso primeiro aqui em Piraquara trouxe a população para dentro da floresta para mostrar nossos projetos de defesa da vida, de semear sementes para brotar”, explica.

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini