Em carta aberta ao prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), mais de 180 pessoas e entidades ligadas aos movimentos populares, sindicais, à universidade e à política pediram que sejam tomadas medidas para que pare a perseguição ao vereador Renato Freitas (PT) por parte das polícias, entre elas a Guarda Civil Municipal da capital paranaense.
Entre outras ocorrências, Renato foi preso duas vezes este ano, em junho e julho, a mais recente delas, com violência, pela Guarda Municipal, quando fazia a convocação para um ato anti-Bolsonaro no centro de Curitiba.
No documento entregue ao secretário de Defesa Social e Trânsito da prefeitura, Péricles de Matos, na terça (30), é feito paralelo entre a situação de Renato e a de Marielle Franco, que acabou assassinada.
“Se o senhor (prefeito) não tomar providências urgentes, o que estamos alertando acabará por acontecer. [...] Lembramos aqui o assassinato da vereadora negra do Rio de Janeiro Marielle Franco, até hoje sem indicação dos mandantes. Não queremos que o mesmo venha a acontecer com o vereador Renato Freitas”, afirma o documento.
Lembrando o racismo estrutural das forças de segurança brasileiras, a carta sugere também mudança na formação de policiais. “Recomendamos que o processo de formação da Guarda Municipal inclua, urgentemente, o estudo das relações raciais e que se fomente a tomada de consciência daquela corporação. Racismo é crime!”.
Os organizadores pretendiam entregar a carta ao prefeito, que não marcou a reunião, intermediada pela vereadora Josete (PT). O secretário recebeu o documento e, segundo relato de participantes da reunião, comprometeu-se a marcar uma série de encontros para tratar de uma “agenda positiva” para a atuação e a formação da Guarda Municipal.
“A reunião foi positiva, principalmente por propor encontros periódicos para discutir a atuação e formação da Guarda e a situação do Renato”, aponta mestre Nivaldo S. Arruda, presidente da Associação Cultural de Negritude e Ação Popular do Paraná. “Mas precisamos ver se cumpre, pois na visão do prefeito sobre Curitiba, os negros e as pessoas que moram nas periferias não fazem parte”, diz.
Edição: Lia Bianchini