Paraná

ANÁLISE

As difíceis saídas da crise

Um programa de gestão da crise que só os de baixo podem fazer

Curitiba (PR) |
Hoje, a dívida de Estados nacionais é de US$ 253 trilhões - Pedro Carrano

Desde 2009, movimentos populares como o MST, a organização Consulta Popular, entre outros, definiram que a crise do capitalismo era, desde aquele momento, prolongada, internacional, e profunda.

Seu componente de financeirização se alia ao componente de superprodução - as mercadorias que não se realizam na capacidade de consumo dos trabalhadores, vítimas também desde 2008 de intensa exploração da sua força de trabalho.

Ao lado disso, gigantesca quantidade de capitais circulam sem capacidade de se tornar investimento produtivo.

É uma crise complexa. À sua não resolução acrescentamos também o conceito de crise "rastejante", permanente, desde aquele período, e que agora a nova crise das bolsas comprovou que a análise estava correta. Hoje, a dívida de Estados nacionais é de US$ 253 trilhões, 322% do PIB mundial, de acordo com o site Valor Econômico.

Se olharmos para trás, o capitalismo desde 1973, não consegue repetir os padrões de lucro e acumulação que marcaram o final da segunda guerra mundial, no que o economista François Chesnais chamou de “o ciclo de acumulação ininterrupta do Capital”, de 1945 e 1973.

Reparem como, ainda desde a década de 70, com a implantação do neoliberalismo, os EUA, centro dessa política, vem tendo apenas “voos de galinha” na economia, crises periódicas e com isso recorre a guerras localizadas e golpes no Oriente Médio, África e em nossa América Latina.

O ponto aqui é que esse modelo em crise, que conduz ao olho da barbárie, que se desdobra em crises ambientais, sanitárias, humanitárias, éticas, já provou que não cai sozinho. Precisa da ação organizada de trabalhadores e trabalhadoras e frações aliadas – algo inclusive que neste exato período apresenta enormes dificuldades.

As Frentes e as organizações de esquerda precisam colocar a questão central no xadrez. Devemos oferecer, construir e criar referência na classe trabalhadora para um programa que expresse alternativa de poder. Um programa de gestão da crise que só os de baixo podem fazer, já que o governo Bolsonaro transpira incompetência. Essa é a denúncia.

O exercício não é simples e nem de convocatória. Nosso movimento da classe trabalhadora até então é defensivo, de um período de redução do número de greves e extrema dificuldade nas organizações sociais e sindicais urbanas de apresentar uma base social consistente.

Estamos, sim, entre a resposta urgente e a construção paciente, cirúrgica, que não permite mais erros estratégia. Essa é a angústia e ao mesmo tempo a janela onde o horizonte se coloca.

 

Edição: Lia Bianchini