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"Tática para desmoralizar o Judiciário", diz assistência de acusação sobre abandono do júri

Advogados que assistem os familiares de Marcelo Arruda avaliam que adiamento não deve alterar o resultado do julgamento

Foz do Iguaçu (PR) |
Quero propor uma leitura ponderada das narrativas jornalísticas que envolvem o triste assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, morto a tiros pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho - Vinícius Braga

Em nota publicada ao final da tarde desta quinta-feira (4), advogados que integram a banca de assistência de acusação do júri popular do caso Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, rebatem as razões dos defensores do réu Jorge Guaranho apontadas como justificativa para o abandono do julgamento ocorrido hoje pela manhã.

De acordo com os advogados que assistem os familiares da vítima, a defesa do assassino teve, sim, o devido acesso ao processo, remarcado pelo juiz Hugo Michelini para o dia 2 de maio. 

"Dentre os fundamentos levantados pelos defensores, está a ausência de acesso integral aos autos sigilosos relativos à agressão sofrida pelo autor, após ter invadido a festa de aniversário e assassinado Marcelo Arruda. Todavia, comunicamos que referidos autos já estavam relacionados na árvore processual há bastante tempo, não havendo informação de qualquer diligência da defesa para habilitar-se no mencionado procedimento", consta a nota.

Com relação à intimação feita no dia anterior ao julgamento para que Guaranho comparecesse à sessão plenária, a assistência de acusação esclarece que "o júri está agendado desde o dia 29 de novembro de 2023, não havendo qualquer surpresa relacionada à participação do acusado no julgamento, até porque, caso não fosse de seu interesse participar presencialmente, isto poderia (e deveria) ter sido comunicado ao Juízo e evitado o seu deslocamento para Foz do Iguaçu".

A assistência de acusação do júri destaca ainda fatos sobre as condições de saúde do réu que viajou de Curitiba para Foz do Iguaçu. "O custodiado foi avaliado pela equipe de saúde do Complexo Médico Penal com plenas condições clínicas de participar em audiência". 

Por fim, com relação ao questionamento sobre a não localização de uma testemunha arrolada pela defesa, "cumpre destacar que referida intimação negativa foi juntada aos autos dois dias antes da data do julgamento, razão pela qual a defesa poderia ter manifestado seu interesse antes da data da sessão, caso quisesse garantir o andamento do júri", pontua a assistência de acusação.

Segundo entendimento dos advogados que assinam a nota, Alessandra Raffaelli Boito e Rogério Oscar Botelho, o abandono do júri por parte da defesa representou uma "tática para desmoralizar o judiciário, o Ministério Público e, também, os demais colegas presentes e toda a sociedade que aguarda o desfecho do caso". Ao avaliar a consequência do adiamento, a dupla faz coro ao posicionamento manifestado mais cedo pelo promotor de Justiça Marcelo Mafra. "Nenhum adiamento da sessão plenária jamais alterará a verdade dos fatos ou a sede por justiça da sociedade de Foz do Iguaçu", finaliza.

Edição: Mayala Fernandes