Paraná

PERFIL POLÍTICO

Professora Simone e um olhar para a Geografia de lutas em São José dos Pinhais

Professora Simone também aponta preocupação com o tema urbano e ambiental

Curitiba (PR) |
Simone Barbosa: "Sou dos anos duros, minha militância da resistência já iniciou no governo Lerner" - Quem TV/Altvista

Nascida em Campo Mourão, Simone Barbosa é formada em Geografia, em 2003, na hoje Universidade Estadual do Paraná (Unespar). Ela é categórica ao afirmar que é filha das lutas de todo período da APP-Sindicato desde os anos 2000. E, como sabemos, não foram poucas as experiências vividas pelos trabalhadores nessas duas décadas. 

Aos 49 anos, mãe de Ingrid e Artur. Agora, na condição de Professora Simone, pretende se lançar à candidatura de vereadora em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

“Minha militância em defesa da Educação começou na universidade. Entrei em 1999, fui eleita secretária geral do centro acadêmico (CA) de Geografia, organizando os CAS do Paraná. Iniciei a trajetória em defesa da disciplina, na organização da educação pelo estado do Paraná. Sou filha da APP de Campo Mourão, já fizemos até o 'velório' simbólico do governo Lerner, sou dos anos duros", comenta.

De fato, o período dos anos 2000 e os governos Lerner (1995 - 2003), tanto o MST no campo, como estudantes, professores e sindicalistas nas cidades, foram foco de intensos ataques, no plano ideológico, e também no aspecto coercitivo, por parte do governo, que chegava a fazer publicidade na TV contra esses setores em luta.

Experiência de Brasil

Quando estava na condição de Geógrafa recém-formada, querendo somar experiências de vida e trabalho, de 2003 até 2009, passou em concurso público em Ariquemes, no estado de Rondônia, numa perspectiva como aquela dos diários de Mário de Andrade - uma experiência de contato com o Brasil profundo. “Não militei lá, não fiz militância orgânica, acumulei conhecimento sobre o Brasil, sobre as diversas tradições, sou dessas”, narra.

“Vim embora pra São José dos Pinhais”

Já no estadual concurso de 2007, Simone iniciou como PSS na categoria dos professores, para mais tarde lecionar na condição de efetivada. "A primeira coisa que fiz foi a filiação no sindicato", recorda.

Na década de 90, no marco da reestruturação produtiva, o polo metalúrgico foi descentralizado de São Paulo para estados como Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, entre outros, na chamada guerra fiscal, em busca também de regiões com menor tradição sindical e menor preço da força de trabalho.

No Paraná, Lerner ofereceu incentivos e garantias para a instalação das empresas como a Renault – o que mudou o perfil da cidade, de acordo com ela.

Hoje, é uma das cidades com maior Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná. Em 2021, o PIB per capita era de R$ 80.717. Na comparação com outros municípios do estado, ficava nas posições 22 de 399 entre os municípios. Nesse sentido, Professora Simone adota uma postura de valorizar aspectos humanos e geográficos da cidade metropolitana, criticando e buscando avanços sobre as desigualdades.

“Primeiro, uma cidade grande, mas também uma paisagem rural, tranquila, acolhedora, e que recebeu muita migração, de pessoas do interior para o período da construção da Renault. Existe uma São José antes e uma pós-Renault”, comenta.

Acolhida

Ao lado da pauta da Educação, defesa do funcionalismo público e outras lutas, Professora Simone também aponta preocupação com o tema urbano e ambiental. A cidade apresenta constantemente conflitos fundiários. A atual prefeita, Nina Singer, pode tentar reeleição. Durante a pandemia, medida municipal serviu de pretexto para criminalização e despejos individuais – sob o argumento de não expansão das áreas ocupadas pelos trabalhadores.

"Estamos no processo de construção das pautas. Estar pré-candidata é apresentar o projeto em etapas. Vamos trabalhar muito a educação, e a construção de propostas para o meio ambiente. São José dos Pinhais é bastante deficitária de políticas para preservação ambiental", aponta.

Uma contribuição organizativa

Professora Simone vivencia uma experiência de relação entre as lutas da APP-Sindicato – um dos maiores e principais sindicatos estaduais de professores, em todo o país -, auxiliando nas mobilizações de sindicatos locais da região metropolitana, como atesta a foto de uma mobilização em Contenda (PR). Essas experiências e lutas são evidentes na caminhada de Simone. Que, ressalta, a candidatura é expressão coletiva deste processo.

“Sou uma dirigente regional, militante orgânica da APP-Sindicato, observo os movimentos da Educação. Por óbvio, temos um projeto de fazer a defesa da classe trabalhadora, como um todo. Como estou como dirigente sindical da APP, meu olhar é regionalizado e o foco é organizar, propor, encaminhar e fazer a defesa de direitos da classe trabalhadora, no caso da Educação”, aponta.

Neste sentido, de acordo com ela, o planejamento da pré-campanha é importante, no sentido de definir a dedo e com precisão as pautas mais importantes. O chamado programa. “Planejar estrategicamente e apresentar soluções para as categorias, e estar totalmente disponível para fazer a luta. Eu sempre trabalho no intuito de expressar com muita transparência e verdade o que tem que ser feito para um determinado ponto de pauta e assunto”, afirma.


"Como estou como dirigente sindical da APP, meu olhar é regionalizado e o foco é organizar, propor, encaminhar e fazer a defesa de direitos da classe trabalhadora, no caso da educação" / Divulgação APP

Edição: Mayala Fernandes