Na esteira da recente decisão judicial que impôs a censura de reportagens abordando a delação que implica o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSD), em um escândalo de corrupção, o deputado estadual Renato Freitas (PT) não hesitou em novamente rotular o parlamentar como “corrupto” durante a sessão desta segunda-feira (4) na Casa.
Sob investigação do Conselho de Ética, Freitas vem enfrentando um processo disciplinar por quebra de decoro, decorrente de sua anterior acusação de corrupção contra Traiano, durante uma discussão acalorada em outubro. Na ocasião, o presidente da Alep teria cortado o microfone do parlamentar petista. Em seu discurso no plenário, nesta terça, Freitas declarou: "Além do senhor não ser rei, não é um bom exemplo de deputado, ao meu ver, pois é corrupto, sabidamente. Pelos corredores desta Casa, já estava certa a minha cassação."
Ao fazer menção ao processo que tramita em segredo de Justiça, Freitas ainda acrescentou: "O mundo girou e as provas vieram. Hoje, digo com provas, porque o próprio presidente da Casa certificou e confessou um crime de corrupção." Na semana passada, testemunhas de defesa de Freitas foram ouvidas pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que planeja deve se reunir ainda nesta terça para apresentar um parecer sobre o processo, podendo culminar na cassação do petista.
Ainda na sessão plenária desta segunda, o deputado Fabio Oliveira (Podemos) encaminhou um requerimento ao Ministério Público do Paraná, solicitando esclarecimentos sobre o acordo de leniência com uma prestadora de serviços na TV Assembleia no processo relacionado à suspeita de pedido de propina envolvendo Traiano. Em resposta, o presidente da Alep afirmou que não se manifestará sobre o caso, considerando que o processo está em segredo de Justiça.
Censura judicial impacta imprensa
No sábado (2), veículos locais de imprensa foram impactados por uma decisão liminar concedida pela juíza Giani Maria Moreschi, declarando a censura de reportagens que abordem a delação contra Traiano. A decisão impactou o jornal Plural, que teve de retirar todos os materiais relacionados ao processo judicial envolvendo o deputado Ademar Traiano e também ex-deputado Plauto Miró (União). A liminar ainda exige uma multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento. A decisão se estende à Rede Globo e à RPC, que também fizeram reportagens sobre o tema.
Na decisão tomada durante o plantão judicial, a magistrada ressaltou que o autor do pedido, Ademar Traiano, fez acusações de direito e risco de dano. A magistrada argumentou que o trabalho jornalístico tanto da Globo do Paraná, quanto do Jornal Plural poderia prejudicar o processo que tramita em segredo de Justiça.
Edição: Lia Bianchini