Paraná

Consciência Negra

As histórias de luta e conquistas de mulheres negras que constroem Curitiba

Biografias ressaltam a importância da organização popular na conquista de direitos

Curitiba (PR) |
Edição 327 do Brasil de Fato Paraná celebra Dia da Consciência Negra - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

No dia 20 de novembro, celebra-se o Dia da Consciência Negra no Brasil. Para ressaltar a importância da data, o Brasil de Fato Paraná conversou com mulheres negras que lutam diariamente para fazer de Curitiba uma cidade socialmente mais justa, com respeito à diversidade de sua população.

Andreia de Lima

A história de Andreia de Lima é uma daquelas de uma mulher destemida e valente, um farol luminoso para sua comunidade. Desde a infância, Andreia absorveu os ensinamentos de sua mãe, líder comunitária nata. Cresceu com a preocupação pelas vidas ao seu redor, guiada pela verdade de que a união fortalece.


Reprodução Facebook

“A organização é a chave para conquistar aquilo que é direito, mas que muitas vezes se perde nas dobras desajustadas e desiguais da sociedade”, afirma.

Diarista, cabeleireira, feminista negra antirracista, Promotora Legal Popular, Conselheira Externa da Defensoria Pública do Paraná, é idealizadora da ONG Usina de Ideias. Nascida em Terra Boa, criada no Parolin, Andreia de Lima hoje é suplente de deputada estadual, herdou da mãe não apenas a bandeira da luta comunitária, mas também a sabedoria de uma construção social democrática e popular. Como Coordenadora Nacional de Política pela Rede Nacional de Mulheres Negras, Andreia vive diariamente as demandas trazidas pelas lutas entrelaçadas de raça, classe e gênero.

Juliana Mittelbach

Natural de Porto Alegre (RS), Juliana Mittelbach é enfermeira do SUS, mãe, feminista negra e exerce cargo de chefia como Responsável Técnica pela Quimioterapia de Alto Risco do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). É mestra em Saúde Coletiva pela UFPR e Doutoranda em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz. É também uma das fundadoras da Articulação Nacional da Enfermagem Negra (ANEN).


Reprodução Facebook

Com um processo de militância forjada na interseccionalidade de gênero, raça e classe, Juliana é atualmente coordenadora executiva adjunta da Rede de Mulheres Negras, além de participar do movimento sindical e do movimento feminista. Compõe ainda a Marcha Mundial das Mulheres e o Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná e participou do Conselho de Proteção a Vítimas de Abuso Sexual do Paraná.

“Nossa luta é sempre muito grande, porque sempre estamos nesse modelo de luta interseccional, contra os sistemas de opressão, que recaem com ainda mais força sobre a vida das mulheres negras”, reflete.

Juliana Mildemberg

A história de Juliana de Fátima Mildemberg é, sobretudo, marcada no chão das salas de aulas de Curitiba. Atual diretora e coordenadora geral do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc), é professora de educação infantil a 12 anos, e “filha da educação pública”, como ela mesma afirma.


Juliana Mildemberg / Reprodução Facebook

Filha e neta de outras mulheres negras, Juliana teve o exemplo de luta e trabalho dentro de casa. O envolvimento com a luta sindical iniciou-se ao final da greve das trabalhadoras dos Cmeis, em 2013, em busca de valorização, Plano de Carreira e até de uma identidade própria, uma vez que o segmento era depreciado no senso comum como “cuidadoras” e não como parte de um projeto de ensino.

“A greve foi finalizada de uma maneira que não nos agradou, faltou muita coisa, então fomos conversar na sede do sindicato, nos dividimos e formamos um grupo técnico que nos ajudou depois”, lembra. A dirigente sindical destaca sempre a importância do recorte de classe e social de sua atuação. “Tento colocar principalmente os trabalhadores e as trabalhadoras nos debates e causas das questões importantes para nosso dia a dia”, diz.

Edição: Lia Bianchini