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Educação

Modelo de privatização da educação questionado no Paraná é exportado para São Paulo

Renato Feder, ex-secretário de Ratinho, leva propostas que beneficiam empresas para governo Tarcísio

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Práticas privatista adotadas na educação no Paraná são levados para São Paulo - Rogério Cassimiro_Governo_SP

Escolhido pelo então eleito governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para ser o secretário de Educação do estado, Renato Feder vem acumulando polêmicas e políticas educacionais de caráter duvidoso desde antes de assumir a pasta no governo paulista. 
Ex-executivo do grupo Multilaser, Feder foi secretário de Educação do Paraná durante o primeiro mandato do governador Ratinho Jr e teve sua gestão marcada por controversos programas, muito semelhantes aos agora aplicados em São Paulo. Dentre as “inovações” de Feder está a instalação de um aplicativo nos celulares pessoais de professores da rede pública, sem autorização, o “Minha Escola”. Apesar da pasta negar a intencionalidade do ocorrido, esta não é a primeira vez que Feder é acusado do uso de tecnologia para desrespeitar a privacidade de estudantes e professores. O aplicativo é usado para que estudantes verifiquem notas e assiduidade nas aulas. 
A APP-Sindicato, que representa professores da rede pública de ensino no Paraná, acusa Feder de implantar “um sistema de vigilância” em São Paulo igual ao feito nas escolas paranaenses. No ano passado, Feder de acordo com o sindicato, instalou um aplicativo de nome “Alura” nos aparelhos pessoais de professores e alunos. O aplicativo era de uma empresa do mesmo nome, que prestava serviços para o governo do Paraná. Na época, em nota, o Núcleo Regional de Educação de Curitiba afirmou que se tratava de um erro técnico que teria causado “a instalação massiva em celulares Android”.
Entre outras decisões de Renato Feder também está a de abolir o Programa Nacional de Livro Didático, obrigando assim o estudantes a usar apenas livros didáticos digitais, e que diretores observem professores durante as aulas para produzirem relatórios bimestrais para serem enviados à Secretaria de Educação, política similar à adotada no Paraná, que teve o “Protocolo de Observação de Aula”, onde diretores também produziam relatórios aos Núcleos Regionais de Educação, que supostamente aferia a qualidade das aulas dos docentes. “Nós somos contra a observação em sala de aula porque é uma vigilância do trabalho pedagógico e não uma função de diretor(a) de escola, que tem que cuidar da gestão democrática, não pedagógica. É uma forma de controlar o(a) professor(a) e constranger a sua autonomia docente”, afirma Margleyse dos Santos, secretária executiva Educacional da APP.
Diante das medidas de Feder na educação paulista, a Apeoesp, sindicato que representa os docentes em São Paulo, organizou um abraço simbólico ao prédio da secretaria e exigiu que medidas como o não uso de materiais didáticos impressos e os cortes na educação do estado sejam revistos. Para a presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT), os escândalos envolvendo Feder parecem não ter fim. A sindicalista denuncia que mesmo diante das críticas à decisão de não utilizar os livros do Plano Nacional do Livro Didático (PNDL), no valor de R$ 120 milhões, sem custo para o governo, Feder, resolveu torrar cerca de R$ 200 milhões em livros digitais sem licitação. 
“A decisão não apenas desconsidera pareceres de especialistas na área da educação sobre os prejuízos pedagógicos do uso exclusivo de materiais digitais e a óbvia e conhecida dificuldade ou impossibilidade de acesso de milhões de estudantes ao meio digital, como resvala para a ilegalidade e o mau uso do dinheiro público, o que precisa ser rigorosamente apurado”, afirma Bebel.
 

Edição: Frédi Vasconcelos