Paraná

ATERRO OU MORADIA?

Audiência de hoje (19) é decisiva para 70 famílias da ocupação Tiradentes 2

A audiência de conciliação é um dos últimos canais entre famílias, poder público e Essencis/Solví

Curitiba (PR) |
Essencis é acusada de manter aterro sanitário em local com biomas, três nascentes e proximidade com APA do Passaúna - Pedro Carrano

As 70 famílias de moradores da ocupação Tiradentes 2 vivem dia decisivo hoje (19).

Ligada ao Movimento Popular por Moradia (MPM) e localizada no bairro São Miguel (CIC), periferia de Curitiba, a comunidade convive com o medo do despejo e está em disputa com o aterro da empresa Essencis, ligada ao grupo Solví, que solicita judicialmente a saída das famílias de onde estão instaladas desde setembro de 2021.

Trata-se de uma disputa jurídica e política, uma vez que entidades questionam a permanência do aterro no local após 25 anos, as licenças ambientais e o fato de que a região já está consolidada como local de moradia popular.

Nesse contexto, está agendada, para as 14 horas, audiência de conciliação entre a comunidade e a Essencis, no barracão de moradores da ocupação.

O espaço de hoje é um dos últimos canais de negociação entre famílias, poder público e empresa.

Necessidade de mesa de negociação

Convocada pela Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Paraná (CEJUSC-TJPR), com a presença do Cohab, da Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social do governo estadual (SUDIS), do Ministério Público, da Defensoria Pública e representantes/advogados da comunidade, entre outros.

A Essencis, como parte no processo, está convocada para a reunião. Desde audiência pública, na Assembleia Legislativa do Paraná, movimentos populares pressionam para que a empresa participe de mesa de negociação.

Acompanhamento da sociedade

Chrysantho Figueiredo, dirigente do MPM, aponta a importância da participação da sociedade no espaço de hoje e critica a ausência de escuta das propostas da comunidade por parte de Essencis e poder público.

“É importante que todos os movimentos, partidos políticos e organizações estejam presentes para ver, testemunhar, para dar a força e suporte às famílias, para que não aconteça o despejo, em primeiro lugar, e caso sejam violados os direitos constitucionais das famílias, possamos nos organizar, de forma pacífica”, aponta.

Brigadistas contra violência policial

A situação urgente da Tiradentes 2 gera apoio da sociedade civil. Foi formada uma brigada de solidariedade que conta com participação de diferentes organizações populares. De acordo com João Pedro Ambrosi dos Santos, integrante da União de Moradores e da organização Revolução Socialista, o objetivo é aglutinar ali o apoio de organizações políticas, buscar o apoio da sociedade e ter a presença de brigadistas que iniba a violência contra as famílias.

“A ideia de trazer outros movimentos para dentro da ocupação e gerar a brigada é gerar debate, mostrando a necessidade de as pessoas conhecerem essa luta e somarem, nem sempre de forma presencial, mas de alguma forma se colocando como defensores da Tiradentes 2”, afirma.


“É importante que todos os movimentos, partidos políticos e organizações estejam presentes para ver, testemunhar, para dar a força" / Divulgação

 

Edição: Ana Carolina Caldas