Paraná

ORGANIZAÇÃO POPULAR

Aos 25 anos, Consulta Popular realiza 6ª Assembleia Nacional

Organização avança na defesa de mudanças estruturais no país e reforça a pauta da luta antirracista na atual conjuntura

São Paulo (SP) |
Luíza Mahin foi uma das líderes da revolta dos Malês, levante de escravos ocorrido na cidade de Salvador (BA), em 1835. É também mãe do poeta, advogado e lutador abolicionista Luiz Gama. - Comunicação Consulta Popular

Entre os dias 12 e 16 de abril, de quarta a domingo, na cidade de Nazaré Paulista (SP), a organização Consulta Popular realizará sua 6ª Assembleia Nacional Luíza Mahín, com a participação de 190 delegados e delegadas de 15 estados do país. 

A assembleia é organizada no período em que a Consulta Popular completa 25 anos. 

Nessas mais de duas décadas, a organização política tem pautado a necessidade de retomada do debate estratégico entre a esquerda brasileira, rompendo com as amarras neoliberais, no contexto de crise do projeto revolucionário que se abateu sobre a esquerda, no Brasil e no mundo, desde os anos 90. 

A Consulta Popular também segue afirmando a atualidade desse instrumento político, que ao longo de sua história sempre esteve voltado às lutas do povo brasileiro, à formação de quadros e ao fortalecimento da organização da classe trabalhadora. 

Para isso, a organização reivindica o Projeto Popular para o Brasil, um projeto de ruptura, que fortaleça a organização dos trabalhadores, a partir de um programa nacional, democrático, popular, soberano e internacionalista, que se proponha a realizar as reformas estruturais e socializantes que a classe trabalhadora brasileira necessita . 

História e desafios atuais

A Consulta Popular, surgida em 1997, a partir de iniciativa de movimentos sociais, foi construtora dos principais plebiscitos populares realizados pela esquerda brasileira em vinte anos, caso do plebiscito questionando a dívida pública (2000); do plebiscito contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca – 2002); pela anulação do leilão da Vale (2007); por uma Constituinte do Sistema Político (2014), gerando grande mobilização e uma pedagogia de trabalho popular.

Em 2023, após militância pela vitória eleitoral de Lula, os desafios que a Consulta Popular pauta estão na manutenção e fortalecimento da organização do instrumento político, na atualidade em retomar o debate estratégico na esquerda, e no combate contra o neofascismo e contra o neoliberalismo neste período – alertando que a vitória eleitoral da esquerda só deve se sustentar a longo prazo com esses desafios essenciais.

“Mantemos nossa posição de criticar o que deve ser criticado, lutando e pressionando, nas disputas que se coloquem, em especial com a frente neoliberal, dentro da composição de frente ampla. E defender o que representa um avanço para a classe trabalhadora, que precisa recompor suas condições de vida. E temos que combater o neofascismo, que vai se manter como oposição atuante, não podemos perder isso de perspectiva. Temos grandes inimigos no próximo período”, aponta Bárbara Pontes, da atual direção nacional da Consulta Popular.

O compromisso da luta antirracista

A VI Assembleia Luíza Mahin reafirma também o compromisso da Consulta Popular com a luta antirracista como um dos compromissos táticos, estratégicos e organizativos – ao lado de compromissos que marcaram simbolicamente o avanço da Consulta Popular em cada assembleia, desde a primeira Carta de lutadores e lutadoras do povo, em 1999: o compromisso com a soberania, desenvolvimento, democracia, solidariedade, sustentabilidade, feminismo. 

Por isso, a homenagem no nome da VI Assembleia para Luíza Mahin. Ela que foi uma das líderes da revolta dos Malês, levante de escravos ocorrido na cidade de Salvador (BA), em 1835. É também mãe do poeta, advogado e lutador abolicionista Luiz Gama.

Com isso, reafirmando o compromisso com a luta antirracista e conectando um fio histórico entre as atuais lutas da classe trabalhadora com as revoltas populares que conquistaram a abolição da escravatura no país.

De acordo com Beni Eduardo, integrante da atual direção nacional e do setor de negras e negros da Consulta Popular: “Afirmaremos na VI Assembleia o 7° compromisso da luta antirracista, resgatando o acúmulo histórico dos movimentos e lideranças históricas populares e combatentes. Homenageamos Luíza Mahin enquanto resgate da luta das/os negras/os na luta insurgente contra o Estado brasileiro e no desenvolvimento do embrião do projeto popular. O compromisso com a luta antirracista além do seu significado histórico é também a nossa compreensão de que não existe projeto revolucionário e socialista sem um combate permanente e radical ao racismo que está na gênese constituinte do capitalismo dependente brasileiro", afirma.

Edição: Pedro Carrano