Quando Giorgia Prates passou a integrar a redação do Brasil de Fato Paraná – casa com a qual ela já contribuía com fotos desde as lutas contra o golpe de 2016 -, era o início da grave crise social, sanitária e política da pandemia de covid-19, em 2020.
Naquele momento turbulento, a entrada de Giorgia consolidou fortemente a perspectiva do jornal e site desde aquele momento: aprofundar o acompanhamento das comunidades, das lutas populares, dos problemas na vida das pessoas, demandas que apenas se intensificavam. Giorgia já havia passado por outros veículos da mídia alternativa, caso do Plural.
Com sua versatilidade, militância, ativismo e preocupação social, Gio, como também é chamada na redação, transitava diariamente pela agenda dos movimentos populares, pelas demandas dos bairros, pelas madrugadas com riscos de despejo ou de violência policial em bairros como o Parolin. Destemida, encarou ruas vazias no início da pandemia para revelar o que a população em situação de rua estava vivendo.
Revelava, com o traço marcante de suas fotos de perfil humano, a Curitiba real. A Curitiba negra, a Curitiba de mulheres operárias, a Curitiba de lutas indígenas, a Curitiba das lutas LGBTQIA+, bandeiras que carrega e que são suas. A Curitiba da luta contra a falta de água na Cidade Industrial até o ato do Fora Bolsonaro. A Curitiba do conflito dos trabalhadores contra o poder do Estado e das grandes empresas.
Revela, com o traço marcante de suas fotos de perfil humano, a Curitiba real / Giorgia Prates
A estética dos trabalhos de Giorgia têm a marca da cumplicidade com o povo. A proximidade, identidade e pertença de quem vive suas questões. É sempre um olhar amigo e ao mesmo tempo de denúncia com os erros dos poderosos. A dinâmica de trabalho, pelo que se vê já nas primeiras atividades da Mandata Preta, segue a mesma do cotidiano de fotógrafa de todos os olhares e vozes.
Do contato com tantas situações e vivências, a militante buscou se envolver e encontrar soluções para as cenas que denunciava, como afirmou recentemente: “Vivenciar e denunciar todos esses ataques aos direitos humanos estava virando só dor. Então, eu pensei que talvez fosse melhor tentar ocupar espaços políticos pra somar de outro lugar na vida dessas pessoas, somar de outra forma. Além da denúncia, quero buscar possíveis soluções, tentar buscar outro caminho pra mudar essa realidade”, conta.
Em nome de toda a equipe do Brasil de Fato Paraná, agradecemos à companheira pela enorme contribuição na redação do jornal, pelos ensinamentos e, no dia 1º de fevereiro, desde a sua posse, seguiremos lado a lado na trincheira por um mundo absolutamente justo.
Edição: Pedro Carrano