Paraná

LUTA POPULAR

AGORA I Famílias da área Tiradentes 2 ocupam entrada de aterro da Essencis, na Cidade Industrial

Moradores querem retomar canal de negociação com a empresa, com direito a não ser despejados

Curitiba (PR) |
Pedido da empresa Essencis, que reivindica o local, assustou movimento e moradores, uma vez que havia um processo de negociação em curso, que o movimento não considerava esgotado - Divulgação

Na manhã desta quinta-feira, 28 de setembro, 64 famílias ameaçadas de despejo forçado, na área Tiradentes 2, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) ocuparam a entrada do lixão da Essencis e estão bloqueando o acesso dos caminhões de lixo do maior aterro sanitário instalado na capital, questionado pelo impacto em região de APA e da represa do Passaúna.

A ação, de acordo com o Movimento Popular por Moradia (MPM), é uma resposta ao pedido de reforço policial para evacuação da área efetuado pela empresa sem que fossem esgotadas todas as vias de negociação. Já na noite de ontem, diante do risco de despejo, em vista de decisão judicial, apoiadores e organizações já haviam acampado no local em forma de solidariedade e participado de assembleia geral.

O movimento afirma que muitas dessas famílias já são vítimas de despejos violentos que ocorreram anteriormente em desrespeito a seus direitos fundamentais. "Vale lembrar ainda que a empresa atua irregularmente sem o devido Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) desde 2010, o que já foi objeto de ação civil pública movida pelo Ministério Público do Paraná em 2014 e ainda em trâmite", aponta o MPM.

O movimento denuncia ainda a Essencis de que, nos autos de reintegração de posse, teria ocorrido tentativa de uma negociação individual com os moradores, que não teria sido registrada nos autos. "O ato da empresa, rompeu unilateralmente as negociações e agravou a situação de vulnerabilidade dos ocupantes. Moradores, apoiadores e ativistas ambientais resistirão enquanto uma solução definitiva para realocação das famílias não for apresentada pela empresa ou pelo poder público", afirma manifesto do movimento.

Desde o início da cobertura do drama da situação das famílias da Tiradentes 2, a reportagem não consegue contato com a empresa para apresentar sua versão.


Apoiadores de entidades da sociedade civil já estão acampando ao lado das famílias na Tiradentes 2 / Divulgação

 

Edição: Pedro Carrano