Paraná

Cultura

Atraso na reforma do Teatro Paiol prejudica programação de peças teatrais do Festival de Teatro

Artistas dizem se sentir desrespeitados; arquiteto da obra original envia carta à Prefeitura de Curitiba

Curitiba |
Pintura externa do Teatro Paiol foi criticada pela comunidade artística de Curitiba - Daniel Castellano/ Prefeitura de Curitiba

Um reforma considerada desastrosa ocasionou o cancelamento de espetáculos teatrais que seriam apresentados no Teatro Paiol, um dos mais antigos de Curitiba e admirados pela comunidade artística. O problema mais gritante na reforma que, segundo a prefeitura vai custar aos cofres públicos R$ 463 mil, foi a pintura externa de cor laranja que descaracterizou o espaço. Com a repercussão negativa, a Prefeitura acabou por atrasar as obras e não cumprir o prazo de finalização prevista para dezembro de 2022.

Companhias Teatrais que iriam se apresentar no Paiol durante o Festival de Teatro foram avisados somente agora que suas peças teriam que ser realocadas.

A atriz e diretora Nena Inoue relata que já tinha confirmada a apresentação de sua peça teatral “Sobreviventes” no Festival de Teatro no Teatro Paiol, no final de março. Apesar da organização do Festival  ter conseguido realocar sua peça  para outro espaço, para ela, houve desrespeito com a cidade e artistas.

Em suas redes sociais a atriz e diretora teatral fez uma publicação denunciando o que chamou de falta de respeito com a cidade. “Recebemos ontem a notícia de que o Teatro Paiol não estará com suas obras de reforma concluídas. Assim, a estreia de nosso espetáculo SOBREVIVENTE e outras programações do Festival de Teatro, não serão mais no referido espaço. E isso, possivelmente se estenda a outras ocupações, igualmente canceladas e/ou adiadas.

“O que quero entender é o que está por trás disso. Creio que o que está ocorrendo uma prevaricação. Isso poderia ter sido resolvido, por exemplo, com uma força tarefa já que tinham um compromisso assumido com a Cidade. Não foi feito e vão se acumulando o desrespeito com a comunidade artística e com a história do Paiol,” comenta Nena.

Outra Companhia Teatral prejudicada foi a Selvática que também tinha peça confirmada para o Teatro Paiol. Gabriel Machado, diretor da Selvática, conta que também foi pego no susto quanto ao cancelamento do uso do espaço. “ Como já tem um tempo que a programação do Paiol é quase que exclusivamente para shows musicais, para nós das Artes Cênicas, a única oportunidade que temos de apresentar ali é durante o Festival de Teatro.  Em 2020, estávamos super felizes de fazer a nossa primeira edição da nossa Mostra Internacional de Cabaret lá. Veio a pandemia e tudo foi cancelado. Quando recebemos o convite do Festival para integrar novamente a Mostra Principal  com o espetáculo “Adoráveis Transgressões” no Paiol, ficamos muito animados. E, agora, não rolou de novo,” diz.

“Pra gente foi um susto, mas confesso que quando começaram a sair as  notícias sobre a pintura e o que havia acontecido nessa “reforma” eu já estava esperando isso acontecer. Acredito que para a produção do Festival de Tetro isso tenha um impacto ainda maior porque vão precisar se virar em mil para realocar os espetáculos que estavam ali,” conclui Gabriel.

Arquiteto da obra original se diz indignado

A reforma do Teatro Paiol, em Curitiba, virou alvo de críticas do arquiteto Abrão Assad, responsável pelo projeto de reciclagem da obra em 1971. Autor do projeto original de restauro do Teatro Paiol na década de 70, publicou uma carta criticando a reforma feita na fachada do prédio recentemente.

“Muito mais surpreso, indignado e desolado fiquei ao constatar o andamento de um desconcertante trabalho de reforma totalmente equivocado! – uma desastrosa , grotesca e irresponsável descaracterização da obra original", afirmou Assad.

Em nota  a Prefeitura afirmou que a reforma na parte externa foi necessária e urgente por conta de problemas no telhado, graves infiltrações e risco de colapsar a estrutura.

Sobre o atraso na obra e o cancelamento dos espetáculos previstos para o espaço, até o fechamento da edição desta matéria, não houve resposta por parte da Prefeitura.

Edição: Frédi Vasconcelos