Paraná

Alimento saudável

Rede Armazém do Campo inaugura espaço na Feira Orgânica do Passeio Público de Curitiba

Marca integra a rede nacional de comercialização de produtos do MST, presente em 36 cidades brasileiras

Curitiba (PR) |
Grãos, cafés, sucos integrais, cachaça, frutas e hortaliças são alguns dos produtos orgânicos e agroecológicos disponíveis na barraca Armazém do Campo - Foto: Nyky Rodrigues

Os alimentos agroecológicos da Reforma Agrária do Paraná ganharam mais um espaço de destaque em Curitiba. Desde sábado (3), a tradicional feira de orgânicos do Passeio Público passa a contar também com espaço para o Armazém do Campo, marca da rede de comercialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Para Isabela Gonçalves, integrante da coordenação da iniciativa, o espaço na feira do Passeio é uma grande conquista para a divulgação dos alimentos agroecológicos e da reforma agrária para o público da capital.

“Para nós significa um passo importante para a consolidação da rede Armazém do Campo no Paraná. Mostra que é possível, em breve, realizar o sonho de inaugurar também uma loja física em Curitiba”, projeta. A rede já tem lojas físicas em Londrina, Maringá, Cascavel e Ortigueira, no Paraná, e 39 unidades em todo o Brasil.


Arroz orgânico Terra Livre, produzido pela COOTAP, COOPAN e COOPAT, no Rio Grande do Sul / Foto: Nyky Rodrigues

O horário de funcionamento da feira é das 7h às 12h, sempre aos sábados, na R. Presidente Faria, s/n, Centro. Entre os itens que à venda estão arroz, feijão, café, sucos integrais, cachaça, vinho, frutas e hortaliças, todos orgânicos e agroecológicos. Os alimentos vêm de assentamentos e acampamentos do MST do Paraná e de outros estados, e também de agricultores familiares da Região Metropolitana de Curitiba.

No Paraná, são cerca de 60 agroindústrias, entre laticínios, padarias e agroindústrias de beneficiamento, ligadas a 24 cooperativas da Reforma Agrária. Mais de sete mil famílias de 200 municípios de todo o estado fazem parte da rede de produção. Ao todo, mais de 50 produtos são industrializados em áreas da Reforma Agrária.

Rede nacional da reforma agrária

A Rede Armazém do Campo surgiu com a abertura da primeira loja física em São Paulo há seis anos. Em Curitiba, a rede está ligada à marca Produtos da Terra, que já atua há seis anos na cidade com a comercialização de produtos da reforma agrária, da agricultura familiar e da agroecologia.

O objetivo é fortalecer o vínculo campo-cidade, conectando quem produz cooperativamente com quem consome conscientemente.

A Produtos da Terra é gerido pela Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA) e é um dos projetos abarcados pela Rede Mandala - Rede Paranaense Campo-Cidade de Economia Solidária.


Barraca gerida pelo Produtos da Terra na Feira das Cooperativas da Agricultura Familiar na Praça Osório, em Curitiba / Foto: Nyky Rodrigues

Por comida sem veneno

A data escolhida para iniciar no novo local de comercialização marca o Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos, 3 de dezembro, que tem como origem o crime ocorrido em Bhopal, na Índia, em 1984, quando 27 toneladas do gás isocianato de metila vazaram de uma fábrica de agrotóxicos da empresa estadunidense Union Carbide. Cerca de 2,2 mil pessoas morreram na hora e quase 600 mil foram afetadas ao longo dos anos, segundo a Campanha Internacional por Justiça em Bhopal.

Os agrotóxicos seguem fazendo vítimas em todo o mundo, e no Brasil ganharam ainda mais espaço durante o governo Bolsonaro. Já são 2007 novos agrotóxicos liberados desde o início da gestão, segundo dados da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. Desse total, 30% são proibidos na União Europeia e 20% são considerados extremamente tóxicos, altamente tóxicos ou medianamente tóxicos para a saúde humana.

Entre 2010 e 2019, houve 109% de aumento nos registros de intoxicação por agrotóxicos no Brasil, conforme dados do Sinan/DataSUS.

O Projeto de Lei 1459/2022, conhecido como “Pacote do Veneno”, está em tramitação no Senado. O PL quer flexibilizar ainda mais as regras para fiscalização e liberação de agrotóxicos no país, e “passar a boiada” sob à biodiversidade, os bens naturais e à saúde humana. 

Edição: Lia Bianchini