Paraná

Alimento saudável

MST inaugura agroindústria de derivados de milho livre de transgênico, em Londrina (PR)

Agroindústria terá capacidade de beneficiamento de 24 toneladas de milho por dia

Curitiba (PR) |
Davi José da Costa é um dos produtores de milho orgânico que fazem parte da cooperativa - Juliana Barbosa/MST

Nesta sexta-feira (15), será inaugurada a agroindústria de derivados de milho livre de transgênicos da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, no distrito de Lerroville, em Londrina (PR).

A agroindústria terá capacidade de beneficiamento de 24 toneladas por dia. A expectativa é produzir um milhão de toneladas de derivados de milho não transgênicos e agroecológicos por ano. A estrutura atual já garante a comercialização de fubá, farinha de milho biju, canjica amarela e canjiquinha xerém. Os resíduos do milho beneficiado serão transformados em ração para bovinos e suínos.

Segundo Fábio Herdt, presidente da Copacon, o objetivo é ampliar a diversidade de produtos nos próximos cinco anos, também com a produção de quirerinha, canjica branca e flocão.

"A expectativa é que a gente tenha todos esses produtos, que além de muito gostosos, que sejam agroecológicos, com capacidade de venda e com preço justo e de fácil acesso para toda população”, garante Herdt, que é assentado na comunidade.

A conquista da agroindústria chega cinco anos após o início do projeto, e marca mais um passo na estruturação econômica da comunidade, de forma cooperada. Entre as presenças confirmadas na festa de inauguração está o Bispo de Londrina, Dom Geremias Steinmetz.


Parte das estruturas da agroindústria / Foto: Fábio Herdt/MST-PR

Além da visita às estruturas da agroindústria, haverá um almoço gratuito com cardápio preparado com os produtos beneficiados no local, como polenta com frango e quirerinha (xerém) com carne de porco. A programação também inclui festa julina, apresentação de moda de viola, fogueira, comidas típicas e baile.

As estruturas da agroindústria tiveram investimento de cerca de R$ 5 milhões - a maior parte vindos de recursos próprios e do Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop), e cerca de R$ 600 mil vindos do Governo do Estado.

Avanço da produção de alimentos e geração de renda

Criado em 2009, o assentamento Eli Vive é formado por 501 famílias e cerca de três mil moradores. É a maior área de Reforma Agrária em região metropolitana do Brasil, com 7.500 hectares.

Desde o início da comunidade, as famílias do Assentamento Eli Vive produzem para o autossustento e para a comercialização. Entre as linhas de produção se destacam: leite, hortaliças, café, panificação, frutíferas e grãos, principalmente milho. Parte dos lotes já conquistaram certificação de produção orgânica e agroecológica, projeto em crescimento na comunidade.

A Copacon foi criada pelas famílias assentadas para otimizar a produção e a comercialização dos alimentos. Atualmente, cerca de 360 estão associadas à cooperativa, de 13 municípios diferentes. Além da renda gerada para os produtores e as produtoras, mais de 20 trabalhadores assentados e filhos de assentados são funcionários da cooperativa.

Os números mostram a força produtiva do grupo associado: na última safra, a cooperativa comercializou 15 mil sacas de milho, 10 mil de soja e 10 mil de feijão preto e carioquinha. Outras 15 toneladas de alimentos são entregues na Central de Abastecimento (Ceasa) toda semana, além da comercialização de 80 mil litros de leite por mês.


Sede administrativa da Copacon / Foto: Juliana Barbosa/MST-PR

Os alimentos da comunidade também abastecem as escolas públicas da região. São entregues 10 toneladas de alimentos por semana ao Programa de Alimentação Escolar (PNAE), chegando a mais de 100 escolas de Londrina e região. Uma padaria comunitária, coordenada por mulheres assentadas, também produz panificados para a alimentação escolar.

Mais de 400 crianças e adolescentes estudam em duas escolas municipais e uma estadual do assentamento. A comunidade também tem um mercado e uma agropecuária na sede da comunidade, além de uma Associação de Mulheres e times de futebol feminino e masculino. O coletivo de saúde garante a implantação de hortas medicinais em cada lote.

As famílias têm grande preocupação em avançar na preservação e reflorestamento da área, e são guardiãs de mais de 100 minas d’água. Já foram plantadas mais de 10 mil árvores frutíferas e, ainda este ano, cerca de 40 mil mudas serão plantadas como parte do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis.

Edição: Lia Bianchini