Paraná

Violência

Advogado tem carro apedrejado em estrada bloqueada por bolsonaristas no Paraná

Governo do Paraná autorizou a polícia militar a trabalhar na desobstrução das estradas

Curitiba (PR) |
Advogado teve carro apedrejado por vestir camiseta com fotos de Chico, Caetano e Gil - Arquivo pessoal

Desde a madrugada de domingo (30) para segunda-feira (31), estradas e rodovias brasileiras foram bloqueadas por grupos de apoiadores de Jair Bolsonaro, candidato derrotado nas eleições de 2022. Os manifestantes pedem intervenção militar e dizem que só sairão quando o Exército tomar as ruas. Além do bloqueio nas estradas - que já causaram cancelamentos de voos e deixaram inúmeras pessoas sem poder voltar para suas casas e chegar ao trabalho -, agressões a motoristas também têm sido relatadas.

O advogado curitibano, José Ricardo, teve o seu carro quebrado por bolsonaristas que bloqueavam estradas no Paraná. Ele conta que estava indo, na segunda-feira à tarde, atender trabalhadores de mais de 80 indústrias da região, mas teve que parar em um hotel, após a ter as janelas do seu carro quebradas e sofrer agressão dos bolsonaristas.

“Por volta das 18 horas, eu estava passando por um bloqueio que estava se estabelecendo na região de Campo Largo. Os carros já estavam diminuindo velocidade para passar. Mas estes manifestantes iam olhando para dentro dos carros, acho que para ver quem era, se era da turma deles, se não era. Eu estava com uma camiseta com fotos do Chico Buarque, Caetano e Gilberto Gil. Aí, um rapaz olhou para mim e para a camiseta e, imediatamente, começou a gritar: aqui tem um petista!”, contou.

Segundo José Ricardo, várias pessoas começaram a cercar o carro e dar pontapés e quebrar as janelas. “Começaram a dar chutes no carro, jogar pedras. Homens e mulheres com bandeira do Brasil, todo mundo em volta. Eu, de dentro do carro, olhava para eles e perguntava o que eu tinha feito. Eles continuaram. Até que alguém falou para deixarem eu ir”, disse.

 

Carro de advogado curitibano foi apedrejado por bolsonaristas que fazem bloqueio nas estradas do Paraná / Divulgação

O advogado relata que dirigiu mais alguns quilômetros e encontrou um carro da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e chegou a pedir ajudar aos policiais, porém não teve retorno sobre alguma providência a ser tomada.

“Encontrei esse carro, parei e mostrei o que tinha acontecido. Eu parei eles e disse 'olha o que acabaram de fazer comigo!' Eles pediram minha habilitação, disseram para eu encostar, pegaram meu telefone, mas disseram que não poderiam fazer nada porque teriam que voltar para que isso não acontecesse mais”, relatou.

Ainda na estrada, José Ricardo avistou que teriam mais bloqueios à frente e, por isso, teve que parar em um hotel e não pode atender aos clientes que o aguardavam para tratar de aposentadoria. “Estou aqui ainda e em volta mesmo do hotel dá para ver os bloqueios e a situação é esta: trabalho para garantir direitos de muitos destes caminhoneiros, e o meu carro - que demorei para comprar - está todo danificado”, concluiu o advogado.

Multa de 10 mil para quem continuar bloqueios

Em entrevista coletiva nesta terça-feira (1º), a PRF disse que identificou apenas “dois ou três” casos de agentes que teriam tido conduta irregular e que foram aplicadas 182 multas contra manifestantes que descumprem a ordem judicial de dar fim ao ato criminoso.

Já a Justiça Federal do Paraná concedeu uma liminar na noite de segunda-feira (31/10) impedindo que manifestantes bloqueiem as rodovias federais. Segundo a PRF, após a obtenção da liminar, foi possível liberar 30 pontos bloqueados. O descumprimento dará multa de 10 mil reais.

A Polícia Militar do Paraná (PMPR) informou, por meio de nota oficial, que está auxiliando a Polícia Rodoviária Federal na desobstrução das rodovias federais e estaduais no Paraná. Até às 12h20 desta terça-feira as informações oficiais das Polícias Rodoviárias Estadual e Federal davam conta de 122 bloqueios em todo o estado.

A informação foi confirmada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). “O direito de livre circulação no território nacional é uma garantia do povo brasileiro. É momento de pacificar o Brasil. As eleições de 2022 ocorreram de maneira democrática e a decisão soberana das urnas precisa ser respeitada”, afirmou, em nota.

Edição: Lia Bianchini