Paraná

Eleições 2022

Cresce número de candidatas mulheres no Paraná, mas índice ainda representa 33% de concorrentes

Dentre as 521 candidatas mulheres, a maioria é branca, representando 74%

Londrina (PR) |
Desde 2009, lei assegura que cada partido deve apresentar percentual mínimo de 30% de candidaturas de mulheres - Fábio Pozzebom / Agência Brasil

*do Portal Verdade

Para as eleições de 2022, o Paraná registrou número recorde de candidaturas de mulheres. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), das 1.560 candidaturas registradas no estado, 521 são de mulheres, atingindo 33%. Dentre elas, 388 declaram-se como brancas, ou seja, 74%. Já as mulheres negras (pretas e pardas) contabilizam 129 campanhas. Há apenas sete candidaturas de indígenas no Paraná, sendo duas mulheres. Entre os 12 representantes amarelos, duas são mulheres.

O índice vem crescendo: em 1998, mulheres totalizavam apenas 9% dos concorrentes no estado. O contingente de mulheres que tentam um cargo nos poderes Executivo e Legislativo paranaense equipara-se ao percentual de candidaturas de mulheres em cenário nacional. Dos 28.274 candidatos que disputam as eleições de 2022 no Brasil, 9.415 são mulheres, alcançando 33%.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51,1% da população brasileira, em 2021, era do sexo feminino. O dado representa 4,8 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil.

Embora, o número de candidatas mulheres tenha crescido, a quantidade ainda é inferior ao eleitorado. De acordo com informações do TSE, mulheres constituem a maioria dos votantes no Paraná, contabilizando 53% dos eleitores nas eleições de 2022. A defasagem atinge, portanto, 20%. Além disso, enquanto o aumento foi de 60% entre 2010 a 2014 e de 13% de 2014 a 2018, neste ano, o crescimento ficou em 2% em comparação a 2018, quando mulheres corresponderam a 31% das candidaturas no estado.

Desde 2009, a Lei 12.034 assegura que cada partido deve apresentar percentual mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Também estabelece que pelo menos 30% dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, bem como do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV sejam gastos em candidaturas de mulheres.

Para a cientista política Camila Monteiro, a aprovação de políticas públicas voltadas à maior participação de mulheres na política tem, entre suas motivações, as lutas de movimentos feministas. “Uma das reivindicações é que as mulheres ocupem os espaços públicos, a exemplo da política, desconstruindo as ideias de que cabe às mulheres apenas o ambiente doméstico e de que elas não teriam contribuições para a definição da agenda pública”, afirma a pesquisadora.

Monteiro chama atenção também para a ausência de mulheres na direção dos partidos, lideranças das chapas e possibilidades de que elas sejam eleitas. “É mais frequente vermos mulheres ocupando os lugares de vices nas campanhas, o que representa uma tentativa de diálogo com este segmento da população por parte dos partidos. Mas ao mesmo tempo reforça o papel da mulher como submissa, coadjuvante ao homem que assume o protagonismo. Outra dificuldade é a visão muito difundida de que mulheres não estariam aptas para liderar”, observa.

A participação de mulheres é menor na disputa por cargos mais altos. Elas representam apenas 17% entre os aspirantes ao comando de governos estaduais ou distrital, 23,6% dos que se lançaram ao Senado e 34,6% dos que disputam uma cadeira na Câmara dos Deputados. Neste ano, o registro de candidaturas de mulheres à Presidência da República atingiu o maior patamar, chegando a quatro concorrentes: Simone Tebet (MDB), Vera Lúcia (PSTU), Soraya Thronicke (União Brasil) e Sofia Manzano (PCB). Dentre as presidenciáveis, apenas Tebet pontua nas intenções de voto até o momento, atingindo 4% da preferência do eleitorado, segundo pesquisa Ipec divulgada nesta segunda-feira (5).

Partidos e estados

Entre as legendas, o Partido Liberal (PL) possui o maior número de candidaturas de mulheres, 501, entretanto, o número corresponde a pouco menos da metade das candidaturas de homens que totalizam 1.077. Em último lugar, encontra-se o Partido Comunista Brasileiro (PCB) com 30 candidatas face a 53 homens que concorrem ao pleito deste ano. Proporcionalmente, no entanto, o número representa 56% do total de candidaturas do partido.

Considerando a representatividade entre o número de candidaturas de mulheres e o eleitorado feminino nos estados, a unidade federativa com maior proporção de candidatas é o Rio Grande do Norte, com 194, chegando a 35% de representatividade. Já o estado com menor proporção é o Rio de Janeiro: são 868 mulheres disputando às eleições de 2022, o que totaliza 31%.

Edição: Lia Bianchini