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Educação

Professores do Paraná fazem mobilização para relembrar massacre de 30 de agosto de 1988

Manifestação reuniu centenas de servidores públicos, que também protestaram contra o atual governo

Curitiba (PR) |
Professores voltam às ruas para relembrar o dia 30 de agosto de 1988 - Giorgia Prates

Professores e servidores da Educação foram às ruas de Curitiba, nesta terça (30), para lembrar o massacre sofrido por professores em frente ao Palácio Iguaçu, no dia 30 de agosto de 1988, sob a autorização do então governador Álvaro Dias (atualmente candidato ao Senado pelo Podemos). Desde então, a data se tornou um dia histórico para a Educação no estado.

O ato desta terça iniciou com uma concentração na Praça 19 de dezembro, no Centro Cívico da capital, e depois uma caminhada aconteceu até a Praça Nossa Senhora de Salete, em frente ao Palácio Iguaçu. Em 1988,  a categoria protestava por melhores salários, mas foram recebidos por policiais militares nesse mesmo local, que avançaram com cavalos, cães e bombas de efeito moral contra uma multidão de docentes.

Além do dia 30 de agosto, outro massacre contra os professores também é relembrado: o de 29 de abril de 2015. Nesta data, centenas de professores e funcionários de escola, que participavam de uma manifestação contra a retirada de direitos, ficaram feridos após serem alvejados pela polícia com bombas de gás e balas de borrachas. A ação que foi ordenada pelo ex-governador Beto Richa (PSDB) e também pelo Secretário da Segurança, Fernando Francischini, ficou conhecida mundialmente como Massacre do Centro Cívico.

Para que nunca mais aconteça

A memória dos atos violentos contra os professores é relembrada com dor e revolta por quem estava lá. Para o professor José Augusto, aposentado há quatro anos, é preciso sempre lembrar para que nunca mais aconteça. “Mais uma vez estou aqui neste 30 de agosto para recordar e contar para a sociedade sobre essa data terrível que o Álvaro Dias conseguiu marcar em nossa memória. Mandou que a polícia militar fosse pra cima dos professores que faziam uma greve justa e pacífica. Acredito que não podemos esquecer nem que seja pela nossa dignidade", disse.

O professor também criticou a atual gestão Ratinho Junior (PSD), que atualmente aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto ao governo do estado, com possibilidade de reeleição em primeiro turno. "Estamos aqui para protestar contra outras violências, agora feitas pelo atual governador Ratinho Jr., que não vem com cavalo pra cima, mas vem com violência moral retirando nossos direitos. Então, eu venho aqui, mesmo aposentado, para contar às novas gerações e fazer com que nunca mais aconteça,” pontuou.


Professor José Augusto, já aposentado, aponta importância de marcar a data, para que outros massacres nunca mais aconteçam / Foto: Giorgia Prates

Já para a professora Rita Cardoso, que está aposentada por um padrão mas continua trabalhando em outro, é preciso estar nas ruas para derrotar os que seguiram a “mesma escola” de governos opressores.

“Estamos aqui revivendo essa memória que muitos de nós vivemos, tanto em 1988 como em 2015, pelos ex-governadores Alvaro Dias e Beto Richa. Momento muito triste, mas é preciso relembrar porque estamos em ano eleitoral e não dá mais para eleger pessoas inimigas da educação e que seguem essa mesma escola de opressão contra servidores públicos”, afirmou.


"Não dá mais para eleger pessoas inimigas da educação", apontou professora Rita Cardoso / Foto: Giorgia Prates

Além do ato em memória, os professores também levaram faixas e fizeram falas em caminhão de som reivindicando ao governador Ratinho Jr. o pagamento da data-base e o fim do confisco previdenciário dos aposentados, além da implementação das promoções e progressões.

Outros atos aconteceram em várias cidades do Paraná. Em Maringá, os educadores realizaram panfletagem e mobilização simbólica denunciando a violência por parte do governo atual. Em Cascavel, a direção regional convocou profissionais da Educação para uma plenária; em Umuarama, a direção convocou os trabalhadores para um café e uma plenária na sede do Núcleo Sindical, também debatendo a atual conjuntura e as próximas ações a serem tomadas. Na região de Londrina, a manifestação aconteceu em frente à sede do Núcleo Sindical.

Edição: Lia Bianchini