Paraná

CARTA PELA UNIDADE

Carta a dirigentes de organizações populares por um ato em defesa de Renato Freitas

Todos vocês na recente polêmica mostraram um ponto de vista em comum: a defesa do mandato de Renato

Curitiba (PR) |
A liminar da desembargadora que suspendeu a cassação de Renato dá à Câmara a possibilidade de realizar nova sessão retificando os vícios anteriores - Giorgia Prates

Companheiras e companheiros,

Em especial para Renato Freitas, Coletiva das Pretas, Xixo, Tânia Mandarino, Emmanuel Appel, Telma Mello, Vanhoni, Ana Júlia Ribeiro, Lafaiete Neves, Carol Dartora, Josete e quem se engajou nos debates nos últimos dias:

Acompanhei, com preocupação e desgosto, polêmicas fratricidas de toda ordem sobre a posse de Ana Júlia na vaga de Renato Freitas, cassado pela Câmara e agora recolocado no cargo por decisão liminar de uma desembargadora.

Sempre se pode legitimamente discutir no movimento dos trabalhadores pontos de vistas diferentes sobre fatos A ou B, desde que as críticas sejam para avançar a luta contra o inimigo comum e não dilacerar a necessária convivência para o combate.

Acabo de saber, por meio do jornal Bem Paraná, que a Câmara Municipal de Curitiba anunciou "que fará uma nova sessão em agosto, após o recesso parlamentar de julho, para julgar o processo contra o vereador Renato Freitas (PT) por quebra de decoro parlamentar pela participação em um protesto contra o racismo na Igreja do Rosário, no dia 5 de fevereiro".

A liminar da desembargadora que suspendeu a cassação de Renato dá à Câmara a possibilidade de realizar nova sessão retificando os vícios anteriores, o que fez com que a maioria da Mesa Diretora do legislativo municipal decidisse por criar essa nova oportunidade de exercer seu racismo persecutório ao mandato legítimo de Renato Freitas.

A insistência da maioria da Mesa da Câmara em cassar Renato Freitas só tem um sentido: mostrar que este grupo que aprova leis que despejam centenas e centenas de milhões de subsídios públicos nos bolsos de grandes empresários amigos, que sucessivamente vem aprovando a destruição dos direitos dos servidores públicos, tornando miserável a categoria, que ratifica aumentos extorsivos de tarifas aos usuários do transporte coletivo, que reparte privilégios entre si, quer e pode impor à cidade, mesmo contra a vontade democrática da maioria da população, os preconceitos de seu "reinado" antidemocrático.

Essa minoria quer mostra que é ela quem manda em Curitiba. E ela não é inimiga apenas dos 25% de negros e negras que compõem a população da capital. Na verdade, ela não legisla para a grande maioria da população trabalhadora e pobre da cidade e sim para uma casta de capitalistas.

A perseguição ao mandato do Renato, segunda a própria lógica desses vereadores da bancada de Greca, faz parte da afirmação de sua dominação opressora de classe.

Ao meu ver, chegou a hora de um grande ato público com milhares de participantes em defesa do mandato de Renato Freitas e na defesa da vontade da maioria da cidade.  

Isso pode acontecer no final de julho ou início de agosto, antes da sessão da Câmara para uma nova cassação. Um ato à noite para quem trabalha possa participar e os sindicatos e as organizações populares tenham como atrair seus filiados. Pode ser num lugar público como a praça Santos Andrade, até mesmo num sábado à tarde, quem sabe.

As forças políticas e sociais para se engajar na mobilização deste ato existem. Um palanque ou uma mesa representativa pode ser pensada sem muitas dificuldades. Basta ver as milhares de assinaturas nos manifestos, as mensagens contra a cassação por todo o país.

Poderia partir de vocês o chamamento comum a uma reunião para organizar esse ato. A unidade de vocês certamente resultará na ampliação do engajamento de muito mais ativistas. Todos vocês na recente polêmica - apesar de certas exacerbações de posição - mostraram um ponto de vista em comum: todos estão pela defesa do mandato do Renato. É possível, então, fazer deste limão uma boa limonada.

Por fim, uma reflexão com a companheira Josete:

- Diante da obstinada insistência da maioria da Mesa da Câmara em seguir sua política racista, é o caso de continuar participando desta Mesa controlada por fieis cães de guarda de Greca e seus aliados de direita e ultradireita? Não seria a oportunidade de deixar a Mesa demonstrando assim a incompatibilidade de administrar a Câmara com esse grupo antagônico à democracia?

 

Cumprimentos fraternos,

Anísio, 7 de julho de 2022.

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

 

Edição: Pedro Carrano