Paraná

Elitismo

Carnaval em 2022 será só para quem tem dinheiro, dizem carnavalescos

Prefeitura de Curitiba autorizou eventos particulares, mas proibiu festa de rua

Curitiba (PR) |
No último dia 19, mais de 10 mil pessoas participaram do Carnavibe, na Região Metropolitana de Curitiba - Foto: Divulgação

Com a pandemia, os carnavais de rua foram cancelados em grande parte das cidades do Brasil. Não vai ter bloco na rua, mas com ingressos que passam de R$ 1 mil, foram liberadas festas privadas em todo o Brasil. Carnavalescos e trabalhadores da cultura dizem que essa é uma contradição e lamentam que, em 2022, a festa popular será marcada pela exclusão.

Em Curitiba, há mais de 25 blocos de rua de pré-Carnaval e, antes da pandemia, foi criada a tradição de levar música, diversão e, inclusive, manifestações políticas pelos bairros da cidade.

Com mais de 15 anos de existência, o bloco Garibaldis e Sacis chegou a reunir 20 mil pessoas. Para Pedro Solak, um dos fundadores do grupo e mestre da bateria, a prefeitura poderia ter organizado, pelo menos, um desfile na rua com capacidade reduzida de pessoas.

“Se as festas estão recebendo alvará, se tem jogos nos estádios cheios de gente, desde que com capacidade de 70% de ocupação, por que não fazer o mesmo ali na Marechal Deodoro e nas ruas da cidadania? É porque, infelizmente, não se inclui essa manifestação cultural como política pública. É importante lembrar e defender que a rua é o espaço democrático da cidade e deve ser ocupada”, pontuou.

:: Apoie o Brasil de Fato Paraná ::

Já para o jornalista, autor de samba enredo e carnavalesco Cláudio Ribeiro, o Carnaval de 2022 será o da exclusão. “Vai ter carnaval, sim, para quem tem dinheiro, que vai viajar, vai ter festa porque poderá pagar. Mas para o povo que mais trabalha e pouco usufrui da riqueza produzida, não existirá esse espaço para manifestar de forma criativa suas emoções”, disse.

Para ambos, é necessário continuar contribuindo com a prevenção à covid-19, porém é preciso que o poder público seja justo e integre o Carnaval como importante parte da cultura do povo. 

Escolas de samba

Assim como no Rio de Janeiro e em São Paulo, a Prefeitura de Curitiba decidiu adiar os desfiles das escolas de samba para o mês de abril.

No entanto, deu aval a eventos particulares, desde que não ultrapassem 70% da capacidade autorizada pelo Corpo de Bombeiros. Para participar das festas é necessário o uso de máscaras, mas não há exigência da apresentação do comprovante de vacinação.

:: Contribua com a campanha permanente de apoio ao Brasil de Fato Paraná :: 

Edição: Lia Bianchini