A narrativa anticorrupção é usada historicamente pelas elites brasileiras para fragilizar governos progressistas de esquerda. Sempre, no entanto, de forma mascarada. Além da pauta anticorrupção, outro elemento envolvido na queda desses governos é a indústria de petróleo e gás, em especial, a Petrobrás.
Pegamos como exemplo o golpe de 1954, que culminou no suicídio de Vargas. Não à toa, em 1953 iniciava-se o processo de criação da Petrobrás, que se organizava de forma que mantivesse o monopólio petrolífero, contrariando interesses internacionais
Outro momento é o golpe de 1964 contra João Goulart. O presidente havia anunciado que iria nacionalizar petroleiras privadas e se apropriar da distribuição de combustíveis no país.
Por fim, o golpe de 2016, em que Lula e Dilma alteram o papel da petroleira, trazendo-a para o centro da política, estimulando o mercado interno para gerar emprego e renda.
Ou seja, o discurso anticorrupção, envolvendo a Petrobrás, não tem como fim combater a corrupção objetivamente, e sim desmoralizar instituições públicas e derrubar governos progressistas.
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Ana Keil é militante do Levante Popular da Juventude e pesquisadora na área de linguagem.
Edição: Lucas Botelho