Paraná

Coluna

Luzes da Cidade | O lucro e a mágica

"O número de fregueses é o menos importante se não há aumento nos lucros"

Curitiba (PR) |
Coluna da edição 194 do Brasil de Fato Paraná - Arte: Vanda de Moraes

Há neste momento uma enorme polêmica na Organização Mundial do Comércio (OMC) a respeito das patentes das vacinas contra o coronavírus. A África do Sul e a Índia, países "pobres", querem a liberação das patentes porque isso baratearia a produção e permitiria uma maior extensão do tratamento preventivo. Já os países ricos (e o vira-lata governo de Bolsonaro) perfilam-se ao lado de sua grande indústria farmacêutica pelo desestímulo aos investimentos, eufemismo para dizer que isso interfere nas grandes margens de lucro esperadas, diminuindo-as.

Ocorre-me pensar no conto "O ex-mágico da taberna Minhota", de Murilo Rubião, quando o personagem se refere a um emprego de mágico num restaurante: "O homem, entretanto, não gostou da minha prática de oferecer aos espectadores almoços gratuitos, que eu extraía misteriosamente de dentro do paletó. Considerando não ser dos melhores negócios aumentar o número de fregueses sem o consequente acréscimo nos lucros..."

O número de fregueses é o menos importante se não há aumento nos lucros. E não há mágica que demova os grandes capitalistas desse ponto de vista. A mágica estaria em superar a sociedade baseada no lucro. 

Edição: Lia Bianchini