Paraná

LITERATURA

Quero ir ao pântano

"A estrada escura e o carro em velocidade cruel"

Curitiba (PR) |
Ela encara o horizonte sombrio - Lizandro Junior

Ontem havia sido terrível. A estrada escura e o carro em velocidade cruel. Ele soca o volante. E depois fica mudo, fazendo parte daquela imensidão audaciosa. Eles deveriam ir para o pântano.

- Você me acalma – disse se surpreendendo consigo. Ela o olha assustado, nunca o havia visto confessar tal sentimento. Achava-se desprezível ante a barba robusta e jaqueta de couro.

Ela sorri inocente, com um olhar amarelo-doce. Porém, assobia de um jeito atabalhoado, denunciando um charme nada púcaro. Ela encara o horizonte sombrio, parecendo rasgar o véu da insegurança do homenzarrão, que tremia no carro e parecia querer chorar com seu olhar. Ele para o carro.

- Eu só sou uma mina de boa, fico feliz que te acalmo – Ela toma a iniciativa e o beija. Ele cede e chora copiosamente. Sabia que deveriam ir ao pântano, mas não sabia a razão daquilo e nem entendia o que representava aquela moça para ele. Mas sabia que ele era quase uma criança em relação ao seu poder. Qualquer passo em falso, ela o mataria.

Edição: Pedro Carrano