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Perfil | A Economia solidária e a fé em um mundo diferente

A espiritualidade de Luis Alves Pequeno enche de vida sua atuação por um planeta mais coletivo

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
“A economia solidária quer resgatar o que nós perdemos em meio ao consumismo exacerbado”, Luis Alves Pequeno
“A economia solidária quer resgatar o que nós perdemos em meio ao consumismo exacerbado”, Luis Alves Pequeno - Franciele Petry Schramm

Aos 18 anos de idade, Luis Alves Pequeno saiu de Loanda, no interior do Paraná, para estudar Filosofia na capital do estado. Até 1993, foi também seminarista – formação que deixou de lado para se dedicar a compartilhar seus saberes com o povo, e aprender junto enquanto ensina. “Mas levo comigo o entendimento sobre a importância da relação entre a fé e a vida das pessoas”, destaca. “No seminário, percebi que atuar mais perto da população poderia fortalecer meu trabalho social e torná-lo mais autêntico”.

Em 2014, após anos na rotina de educador popular, Luis Pequeno passou a se interessar pela economia solidária. Este é o nome dado a um conjunto de atividades que não se voltam ao lucro, mas à melhora da vida humana, e segue princípios essenciais: solidariedade, cooperação, autogestão, respeito às mulheres e o enfrentamento cotidiano. A maior parte dessas iniciativas acontece em bairros mais pobres, para ajudar na geração de renda das famílias.

“A economia solidária quer resgatar o que nós perdemos em meio ao consumismo exacerbado. É um novo jeito de a gente se ver, viver, produzir e partilhar o que existe”, define o educador. Para ele, o ser humano não é uma ilha. Somos, essencialmente, coletivos.

Na prática solidária

Luis Pequeno põe em prática os princípios da economia solidária em seu trabalho junto à Sinergia Alimentos. Por meio do site sinergiaas.com.br, ele comercializa produtos fabricados por redes e empreendimentos da economia solidária, cooperativas e associações. Uma das principais parceiras é a Rede Paranaense de Padarias Comunitárias Fermento na Massa, que reúne, em sua maioria, mulheres que produzem e vendem coletivamente pães, bolos e biscoitos.

A economia solidária não é a resposta; é um caminho. Ela propõe outros pontos de vista, outra forma de vivência no Planeta. É mais uma mola propulsora para a consciência social

O ex-seminarista entrega as encomendas pessoalmente, de bicicleta, pela fé no que faz. “A economia solidária não é a resposta; é um caminho. Ela propõe outros pontos de vista, outra forma de vivência no Planeta. É mais uma mola propulsora para a consciência social”, diz ele. E relembra um ensinamento trazido do Seminário, que preserva a cada gesto e em todo passo: o milagre de Jesus da multiplicação dos pães. “Quando acumulo, eu mato. Quando partilho, eu vivo e renasço”.

Edição: Ednubia Ghisi