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Artigo | Rafael Greca e a Curitiba perdida

O "volta Curitiba" recusa os tempos atuais e acusa o diferente como responsável por todo e qualquer problema

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Rafael Greca, prefeito de Curitiba, vem colecionando declarações e ações polêmicas
Rafael Greca, prefeito de Curitiba, vem colecionando declarações e ações polêmicas - Reinaldo Ferrigno/Agência Câmara

No final de 2015, Rafael Greca (PMN) deu seus primeiros passos de pré-campanha com o jargão "Não existe área calma onde ronca a motosserra". A superficialidade foi o tom da sua campanha e do início de sua gestão. Em um vídeo, Greca buscava desconstruir a Área Calma e já pincelava seu discurso de "volta Curitiba". Personagem que parece ter saído de um romance de Dias Gomes, Greca não economiza na oratória rocambolesca e até nas redes sociais se enfia em debates acalorados e cheios de farpas.

Na campanha, abriu a temporada grotesca dizendo que "vomitou com cheiro de pobre", mas Curitiba o perdoou. Eleito, vem colecionando declarações tais como "orgulho da Guarda Municipal" ao matar um assaltante e, a mais emblemática, declarou que contratará servidoras "mais bonitas" para prevenir o desacato aos servidores da saúde.

Outra cruzada que o prefeito vem travando na cidade é a operação "Balada Segura". Lançada ao cercar o bar que fica em frente da sua casa, a operação vem tentando censurar música ao vivo na Rua São Francisco. No caso mais recentemente, acabou com o evento literário e lançamento da revista Canguru, trazendo duras memórias do tempo em que o país amargurava na ditadura.

Herdeiro de uma oligarquia presente na política e no judiciário desde o período colonial, Rafael Greca de Macedo sabe para onde caminha com esta postura conservadora e autoritária. O "volta Curitiba" recusa os tempos atuais e acusa o diferente como responsável por todo e qualquer problema.

O oligarca busca uma Curitiba perdida. Greca personifica uma versão quixotesca daquilo que Trevisan chamou de "Curitiba para inglês ver", a então Curitiba do prefeito Jaime Lerner. É a volta para o passado.

*Guilherme Daldin é integrante do movimento Cultura Resiste e produtor audiovisual na Popolo Filmes

Edição: Ednubia Ghisi