Mais de 30 projetos sociais e culturais de todo o Paraná estão reunidos em Curitiba para participar do Redes de Formação em Cultura Digital, uma parceria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Ministério da Cultura. O encontro promove oficinas e mentorias com professores, empreendedores e ativistas pra assessorar essas iniciativas a obterem mais visibilidade e engajamento no ambiente virtual. Pretende ainda criar uma malha de apoio mútuo para que as propostas possam crescer dando suporte umas às outras.
A abertura aconteceu na noite de quarta-feira, 13, com uma palestra sobre racismo algorítmico da cientista da computação e pesquisadora carioca Nina da Hora, na Reitoria da UFPR. “Uma questão fundamental é se possível eliminar completamente os vieses em algoritmos de Inteligência Artificial. Eu digo que provavelmente não”, pontuou.
“O que dá pra fazer é mitigar, o que deve ser visto como um processo contínuo, nunca como um objetivo que pode ser completamente alcançado. E pra isso não existe agenda errada e agenda correta. O que não podemos é cair na crença de que a tecnologia por si só vai resolver o problema” declarou, salientando a importância do ativismo.
Um exemplo dos projetos selecionados para participar do Redes de Formação é o “Clube de Ciências, Arte, Cultura e Saúde Mental” do Colégio Estadual Rodolpho Zaninelli, localizado na Vila Verde, Cidade Industrial de Curitiba. O clube é inspirado na vida e na obra da médica psiquiatra Nise da Silveira, que revolucionou o tratamento de distúrbios mentais no Brasil.
Além de atividades externas, como visita a museus, teatros e faculdades de artes, o clube se reúne semanalmente para que os alunos possam refletir sobre o cotidiano e se expressar artisticamente, de forma livre e espontânea, conforme preconizava Nise. “Tem sido muito potente”, garante a professora Fabiane Helene Valmore. “Os estudantes relatam, muitas vezes com choro, uma vida difícil e cheia de vulnerabilidades. Muitos dos nossos alunos vivem em sofrimento psíquico. Por isso, queremos ampliar o debate sobre saúde mental e desfazer estigmas.”
Já a iniciativa “Caminhos de Curitiba” vai avaliar aspectos como acessibilidade, condição das calçadas, poluição sonora e a existência de sombra e abrigos para definir o quão “caminhável” são os espaços urbanos da capital. “Caminhar promove saúde e bem-estar, incentiva a produção e o consumo conscientes e combate as mudanças climáticas”, defende Joice Gonçalves, docente do curso de Engenharia Ambiental da UFPR. “A cidade que promove a ‘caminhabilidade’ é uma cidade mais inclusiva.”
Outra proposta selecionada é a Cooperativa da Hortas Comunitárias, que pretende incentivar o consumo de alimentos frescos e saudáveis e gerar renda extra pra população do Tatuquara. “Estamos felizes demais com o nosso projeto, e ainda mais por ele ter sido selecionado pra participar desse evento. A gente não esperava”, diz a participante Vani Ribeiro.
O Redes de Formação em Cultura Digital vai até sábado, 16. Temas da atualidade, como emergência climática, desinformação e o futuro da democracia também estão na pauta do evento.
Edição: Lucas Botelho