A Copel privada foi para a mesa de negociação com os sindicatos e mostrou sua mais nova face: a retirada de direitos de seus trabalhadores. Em dois dias (15 e 16), a bilionária empresa de energia paranaense apresentou um conjunto de propostas que retiram dos funcionários que não saíram no PDV os benefícios dos lucros bilionários. A empresa quer o fim do abono, demissão sem justa causa, acabar com adiantamento do 13o salário e das horas extras. Por outro lado, mesmo com lucro líquido de R$ 1 bilhão no primeiro semestre de 2024 (6,8% de crescimento), quer apenas o reajuste da inflação para os pouco mais de 3 mil funcionários.
De acordo com as entidades sindicais, a Copel privada negou novo plano de cargos e salários; adicional de linha viva, reajuste de diárias de alimentação, salário inicial para engenheiras e engenheiros de acordo com o piso nacional, adicional por tempo de serviço, gratificação de função, Gympass e Intervalo de almoço. O auxílio alimentação, auxílio educação e o piso de férias proposto são sem nenhum reajuste.
O que mais irrita os trabalhadores é o fim do abono e o reajuste salarial restringindo ao INPC. Para as entidades,isso quebra o princípio da isonomia, que é fundamental nas relações e na legislação trabalhista, substituindo pela competição pura e simples entre setores e entre o corpo funcional. “Os sindicatos não admitem que existam na prática trabalhadores considerados de primeira ou segunda classe”.
A proposta da empresa vai na contramão dos acordos coletivos deste ano. De acordo com o DIEESE, “análise de 166 negociações de reajustes da data-base setembro, registradas no Mediador até 10 de outubro, revela que 89,2% resultaram em ganhos acima da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). Trata-se do segundo melhor resultado em todo o período considerado neste Boletim, atrás somente de maio último”.
E dinheiro para a Copel não falta. O Relatório de Resultados do primeiro semestre além de apontar Lucro Líquido de R$ 474 milhões no 2T24, ainda publica que em 28 de junho, a Companhia efetuou o pagamento de proventos aos acionistas no montante de R$ 632 milhões, totalizando um Payout de 50%, em conformidade com a Política de Dividendos”.
O presidente da Copel, Daniel Pimentel, mantido no cargo após a privatização, disse que a empresa apresentou “mais um trimestre com sólido crescimento".
Nova rodada de negociação
Nova rodada de debate acontece na próxima quarta-feira, 23/10. Neste ano, a Copel terceirizou a comissão de negociação.
Edição: Ana Carolina Caldas