Paraná

ELEIÇÕES 2024

Eleições 2024 registram avanços na representatividade, mas violência política contra minorias ainda preocupa

Carol Dartora (PT) alerta para ameaças e assédio eleitoral contra mulheres, negros e LGBTQIAPN+

Brasil de Fato PR | Curitiba (PR) |
Apesar dos avanços, Dartora fez um alerta sobre a violência política que continua a atingir mulheres e minorias, dentro e fora do período eleitoral. - Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Em discurso no Plenário na terça-feira (8), a deputada federal Carol Dartora (PT-PR) celebrou as conquistas das eleições municipais de 2024, ressaltando o aumento da representatividade de mulheres, negros e LGBTQIAPN+ nas câmaras municipais do país. No entanto, Dartora também alertou para a violência política que continua a atingir esses grupos, minando a democracia e a igualdade de oportunidades.

Segundo Dartora, os números das eleições indicam avanços, mas revelam que a luta por maior inclusão e representatividade ainda enfrenta desafios consideráveis. A deputada destacou que 26.789 vereadores negros foram eleitos em 2024, um pequeno aumento em relação ao pleito de 2020, mas que ainda está aquém do necessário para refletir a diversidade racial do país. Ela também sublinhou as dificuldades enfrentadas por candidaturas negras, apontando que desde 2016 cerca de 10 mil candidatos mudaram sua autodeclaração de cor ou raça devido a pressões políticas e sociais.

Outro fator destacado pela parlamentar foi a redução dos recursos destinados a essas candidaturas. Em 2020, 50% dos fundos partidário e eleitoral foram reservados para candidaturas de pessoas negras, mas, em 2024, esse percentual caiu para 30%, agravando a sub-representação política. "Essa redução é um retrocesso que impacta diretamente na possibilidade de candidaturas negras se elegerem", criticou.

Crescimento expressivo de candidaturas LGBTQIAPN+

Entre os pontos positivos mencionados por Carol Dartora está o aumento expressivo de candidaturas LGBTQIAPN+ eleitas em 2024. Foram 225 eleitos, um crescimento de 130% em relação a 2020. A deputada destacou que a diversidade traz novas perspectivas às câmaras municipais, promovendo uma política mais inclusiva. "Isso significa mais vozes diversas e corajosas lutando por um Brasil mais justo", afirmou, citando como exemplo Porto Alegre, onde cinco pessoas LGBTQIAPN+ foram eleitas.

Violência política: um desafio constante

Apesar dos avanços, Dartora fez um alerta sobre a violência política que continua a atingir mulheres e minorias, dentro e fora do período eleitoral. De acordo com a deputada, essa violência se manifesta por meio de ameaças, intimidações e tentativas de silenciamento. Ela chamou atenção para o Paraná, que lidera a região Sul em denúncias de assédio eleitoral, com 18 registros até 19 de setembro, de um total de 319 no Brasil – um aumento expressivo em comparação às 68 denúncias de 2022.

A deputada também mencionou episódios recentes de violência política contra mulheres negras, citando as ameaças recebidas pelas parlamentares Tábata Amaral (PSB-SP) e Tainá de Paula (PT-RJ), ambas vítimas de campanhas de descredibilização e ataques racistas.

A luta contra a cultura de violência política

Carol Dartora encerrou seu discurso com uma convocação para a continuidade da luta contra a violência política de gênero e raça. "É preciso combater essa cultura de descredibilização que visa minar a presença das mulheres e das minorias nos espaços de poder. Não vamos nos calar", afirmou.

A parlamentar reforçou que as conquistas até agora são fruto de uma luta coletiva e que, apesar dos obstáculos, "seguimos firmes, por nós e pelas futuras gerações".

Edição: Mayala Fernandes