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Famílias do assentamento Eli Vive protestam para que prefeitura conclua obras em estradas rurais, em Londrina

É maior assentamento localizado em uma região metropolitana do Brasil, com expressiva produção de alimentos.

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Comunidade é o maior assentamento localizado em uma região metropolitana do Brasil - Fotografia: Divulgação MST

Da página do MST

Na manhã desta terça-feira (6), os camponeses/as do assentamento Eli Vive, em Lerroville, no município de Londrina, Paraná, bloquearam a estrada municipal que leva ao assentamento a fim de impedir a saída de máquinas da prefeitura. A ação cobra a conclusão das obras para a melhoria das estradas rurais da comunidade.

As máquinas estavam na área para recapeamento da estrada, mas planejavam deixar a comunidade sem dar resolução ao principal problema enfrentando pelas famílias do Eli Vive, a condição das estradas internas, por onde passa o transporte escolar. Sem o concerto dessas estradas, as crianças do Eli Vive correm risco de ficar sem aulas já a partir desta quarta-feira (7).


Comunidade cobra a construção de estradas há mais de 10 anos. Foto: Divulgação MST

Após pressão da comunidade, a prefeitura se comprometeu a fazer o recapeamento nesta semana. "O combinado era consertar a estrada principal do assentamento e algumas estradas que a gente chama de “galhos”, estradas menores onde as crianças se reúnem para pegar o transporte escolar. O que está acontecendo é que a prefeitura quer mandar as máquinas embora sem fazer nossas estradas, descumprindo mais uma vez o combinado com a comunidade. Isso para nós não funciona, porque o transporte escolar já disse que sem os galhos não vai mais buscar as crianças”, explica  Sandra Ferrer, assentada no Eli Vive e integrante da direção estadual do MST.

A manifestação teve início às 9h e deve seguir até o momento em que as máquinas concluam o trabalho combinado entre a prefeitura e a comunidade.

Mais de 500 famílias com estradas precárias, há mais de 10 anos

O problema se arrasta há mais de 10 anos, sem solução. Diversas outras mobilizações já foram realizadas pelas famílias. O último protesto ocorreu a menos de um ano, em novembro de 2023, em frente à prefeitura de Londrina. Em março do ano passado, a situação chegou a ser denunciada ao Ministério Público


Ao todo, a comunidade tem 109 quilômetros de estradas, a maioria em condições precárias. Fotos: Divulgação MST

Entre as principais consequências está a falta de transporte escolar em dias de chuva, que leva estudantes a perdem dias de aula. Há períodos em que as crianças ficam até 15 dias sem conseguir chegar à escola. Mais de 330 estudantes frequentam o Colégio Estadual Maria Aparecida Rosignol Franciosi e a Escola Municipal Trabalho e Saber, localizados na sede da comunidade. 

 
Há períodos em que as crianças ficam até 15 dias sem conseguir chegar à escola. O registro é do protesto realizado em novembro de 2023, em frente à prefeitura de Londrina. Foto: Filipe Barbosa / Rede Lume

As péssimas condições das estradas também dificultam o escoamento da produção de alimentos das famílias. A maior parte da produção do assentamento é processada e comercializada pela própria comunidade, por meio da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon). Em 2023, a Copacon registrou uma produtividade de 1.220 toneladas de alimentos, impactando diretamente as escolas locais e contribuindo para a alimentação saudável de mais de 81 mil alunos da região, por meio do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE). Apesar da relevância da produção, os problemas para o escoamento da produção são constantes.


Imagem da sede da Copacon, formada pelas famílias do assentamento. Apesar da relevância da produção de alimentos, os problemas para o escoamento da produção são constantes. Foto: Wellington Lenon 

O território do assentamento Eli Vive I e II tem mais de 7 mil hectares, considerado o maior assentamento localizado em uma região metropolitana do Brasil. E Londrina é a segunda maior cidade do Paraná, em número de habitantes. Atualmente, o Eli Vive é local de moradia e vida digna para mais de 500 famílias, envolvidas na produção de diversos produtos livres de transgênicos e agrotóxicos. Ao todo, a comunidade tem 109 quilômetros de estradas, a maioria em condições precárias. 

Edição: Lucas Botelho