A proposta de privatização da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) pelo governador Ratinho Jr. (PSD) está gerando controvérsias e preocupações significativas.
A Celepar, pioneira entre as empresas públicas de tecnologia da informação no Brasil, tem desempenhado um papel crucial na digitalização de serviços públicos no estado do Paraná, abrangendo áreas como saúde, educação e segurança.
Recentemente, um apagão cibernético global destacou a vulnerabilidade dos sistemas de segurança cibernética dependentes de soluções privadas. A falha ocorreu durante uma atualização de sistema da empresa de segurança cibernética CrowdStrike, afetando diversos países que utilizam seus serviços em parceria com a Microsoft. Interessantemente, a China, com sua própria infraestrutura de segurança digital, saiu ilesa do incidente.
O deputado Arilson Chiorato (PT) expressou sua preocupação antes do recesso parlamentar, alertando sobre as intenções do governo de privatizar a Celepar.
“Recebi com preocupação parte do que seria um projeto de lei, que estaria em construção na Casa Civil. O documento coloca à venda a primeira empresa pública de tecnologia da informação do país, a nossa Celepar,” denunciou Chiorato.
A Celepar, fundada em 1964, tem sido um pilar da transformação digital no Paraná. Ela desenvolveu sistemas inovadores que garantem mais eficiência, segurança e comodidade para a população do estado. Por exemplo, no setor educacional, a Celepar implementou sistemas de reconhecimento facial para registro de presença dos alunos, além de gerenciar a merenda escolar, assegurando refeições de qualidade. Na área da saúde, a empresa desenvolveu o Gerência de Sistemas de Usuários do SUS (GSUS), agilizando o atendimento nos hospitais do Paraná.
A privatização da Celepar suscita preocupações sobre a proteção dos dados dos cidadãos e a soberania digital do estado. Empresas privadas podem não ter o mesmo compromisso com a segurança dos dados públicos que uma empresa estatal. Além disso, a dependência de soluções privadas, como as da CrowdStrike, pode expor o estado a riscos cibernéticos adicionais. “Privatizar a Celepar é abrir mão de uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento tecnológico do nosso estado,” argumentou Chiorato.
Por outro lado, o governador Ratinho Jr. e o diretor da Celepar, Leandro Moura, têm despistado sobre qualquer intenção de privatização. Em entrevista recente, Ratinho Jr. afirmou: “A Celepar é um patrimônio do Paraná e desempenha um papel fundamental na modernização dos serviços públicos. Estamos sempre avaliando formas de melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados à população, mas não há nenhuma decisão sobre privatização no momento.”
Leandro Moura, diretor da Celepar, também comentou: “Nosso foco é continuar inovando e entregando soluções tecnológicas que beneficiem os cidadãos paranaenses. Qualquer discussão sobre mudanças na estrutura da empresa será feita com transparência e sempre visando o melhor para o estado.”
Empresa pública
Chiorato ainda reitera que manter a Celepar como uma empresa pública é essencial para garantir a soberania digital do Paraná, protegendo os dados dos cidadãos e assegurando que a tecnologia continue a ser utilizada para o benefício de toda a população. “A presença da Celepar na vida dos paranaenses evidencia como a tecnologia pode ser uma aliada poderosa na modernização dos serviços públicos. A empresa continua a inovar e a buscar soluções que atendam às demandas da população, garantindo mais eficiência, segurança e comodidade em diversos aspectos do cotidiano,” concluiu Chiorato.
A recente falha global nos sistemas da CrowdStrike sublinha a importância de manter a Celepar como uma empresa pública, garantindo a soberania digital e a segurança dos dados dos cidadãos paranaenses. A Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) retomará as discussões sobre a privatização no próximo dia 5 de agosto, e este debate promete ser um dos mais acalorados do período.
Edição: Lucas Botelho