Com a chegada das baixas temperaturas em Curitiba, a prefeitura intensificou as operações de acolhimento de pessoas em situação de rua. Desde o início da Operação Inverno 2024, em 15 de maio, a média de atendimento tem sido de 1.350 acolhimentos diários, segundo informações da Fundação de Ação Social (FAS).
No entanto, a cidade possui aproximadamente 3.600 pessoas em situação de rua, de acordo com dados do Sistema Cadastro único do Governo Federal, enquanto a FAS conta com apenas 1.640 vagas em 32 unidades de acolhimento, podendo atender apenas 45,56% dessa população.
Para tentar suprir a demanda, a FAS reforçou suas equipes com nove grupos adicionais de abordagem social que atuam em todas as regionais da cidade nas noites em que as temperaturas ficam iguais ou abaixo de oito graus, complementando o trabalho das 11 equipes da Central de Encaminhamento Social (CES), que funciona 24 horas.
Leonildo Monteiro, coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), destaca a insuficiência das vagas e a falta de políticas públicas de moradia como causas principais do problema. “A FAS não consegue atingir todas as pessoas que precisam de acolhimento. O número de pessoas na rua é muito maior. Mas como não há política pública de moradia para todos, precisamos de atendimentos, fiscalização e monitoramento”, afirma.
Campanhas de apoio
O Ministério da Saúde alerta que temperaturas muito baixas podem causar hipotermia, caracterizada por sintomas como palidez, tremores intensos e extremidades geladas. Leonildo Monteiro reforça a necessidade de políticas públicas efetivas: “As pessoas morrem não é de frio, mas por falta de política pública e moradia. Se ele tivesse moradia, não estaria morrendo na rua.”
Para ajudar as pessoas em situação de rua, a população pode acionar a Central 156 da prefeitura a qualquer momento, informando a localização e a condição das pessoas. As doações de agasalhos e cobertores também podem ser feitas diretamente nos prédios da prefeitura e em organizações parceiras. A FAS entregará cobertores ou mantas térmicas para aqueles que recusarem o acolhimento e estiverem com pouco agasalho.
Os movimentos sociais, como o INRua (Instituto Nacional de Direitos Humanos da População em Situação de Rua) e o MNPR, têm realizado campanhas de doação de agasalhos e cobertores. Doações podem ser feitas na Cozinha Solidária, na Rua Engenheiro Rebouças, 933, ou no Núcleo Periférico, na Rua Dr. Muricy, 270, no Centro, além de doações via pix para o INRua.
Em dezembro de 2023, o governo federal anunciou o Plano Ruas Visíveis, com R$ 1 bilhão destinados à efetivação da Política Nacional para a População em Situação de Rua. No entanto, segundo Leonildo, os recursos ainda não chegaram às organizações da região. “Esse recurso prometido pelo governo federal é muito importante para a região Sul, mas até o momento não chegou nenhum centavo. O movimento social tem cobrado esses recursos”, afirma.
Edição: Lucas Botelho