A Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CEEM-CNBB) divulgou um relatório sobre os impactos de grandes empreendimentos no Vale do Ribeira, região situada entre os estados de São Paulo e Paraná. O documento foi elaborado após uma visita da comissão às comunidades tradicionais da área, ocorrida entre 20 e 22 de abril deste ano.
As comunidades locais, compostas por quilombolas, indígenas e caiçaras, têm enfrentado desafios significativos devido à expansão das atividades mineradoras. O relatório apresenta uma análise das condições atuais e destaca as reivindicações dessas populações, incluindo a necessidade de reparação por violações e maior acesso a políticas públicas.
Entre os principais pontos abordados no relatório, estão as solicitações para que as autoridades ouçam as comunidades afetadas e fortaleçam os processos de luta por seus direitos. As demandas incluem a proteção de seus territórios e a preservação de seu modo de vida, cultura e meios de produção, como a agroecologia e o artesanato.
O relatório é acompanhado por um vídeo com depoimentos de membros da comitiva e moradores locais, que relatam os impactos da exploração mineral e as consequências ambientais e de saúde. Um exemplo citado é a situação em Adrianópolis, onde a fábrica de cimento Supremo tem causado problemas graves desde sua instalação.
Antônia Dalva Sanches Dias, moradora de Adrianópolis, relata que a Supremo Secil Cimentos tem causado problemas nas casas, turbidez nas águas e contaminação dos rios, além de impactos como a poluição sonora e o mau cheiro da fábrica, que está localizada em perímetro urbano e muito próxima a uma escola infantil.
“Eles (proprietários da fábrica) têm um discurso de que estão gerando progresso para a cidade e a região, mas eu na verdade estão destruindo o que temos de natureza e patrimônio ambiental. Eles não reconhecem que estão causando danos para população, pensam que estão trazendo progresso”, diz Antônia.
A delegação que visitou o Vale do Ribeira incluiu, além da CEEM, representantes da Rede de Congregações Religiosas Vivat-Brasil, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e outras organizações. Dom Norberto Förster, bispo de Ji-Paraná (RO), também participou da visita.
Edição: Lucas Botelho