Na manhã desta terça-feira (9), às 6h da manhã e com temperatura de 7ºC, cerca de 64 famílias da ocupação Tiradentes II, localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), foram despejadas após quase um ano de resistência. A reintegração de posse ocorreu durante uma negociação com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab).
A ordem de reintegração foi assinada pela juíza substituta Franciele Cit, da 17ª Vara Cível de Curitiba. A juíza também determinou o pagamento de auxílio-moradia de R$ 600 para as famílias desabrigadas, que deve ser depositado em juízo em cinco dias. O valor está abaixo do negociado anteriormente com a Cohab.
Moradores relatam que viaturas da Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros chegaram no local para cumprir o mandato de reintegração no mesmo dia em que a Cohab e a Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social (Sudis) realizariam o mutirão final de cadastramento das famílias para o auxílio-moradia, previamente negociado.
“O cumprimento absurdo de uma reintegração de posse em vias de uma negociação pacífica mostra o desprezo e o descaso das autoridades e da parte autora, a Essencis Soluções Ambientais, com a grave situação de abandono das famílias que não tem condições de arcar com os custos do aluguel e são empurradas para uma situação habitacional extremamente precária”, alertou uma nota divulgada pelo Movimento Popular por Moradia (MPM).
“A empresa se negou e preferiu o despejo violento, especialmente em um dia frio como esse, em que as pessoas estão tendo que desmontar seus barracos para cumprir a ordem de reintegração”, diz Chrysantho Sholl Figueiredo, coordenador do MPM. Segundo ele, a Essencis, recusou ao acordo da Cohab, que previa a desocupação voluntária da área.
Vídeos divulgados pelo MPM nas redes sociais mostram que o aterro Essencis disponibilizou seus próprios funcionários para realizar o carregamento dos móveis dos moradores despejados.
Em outro vídeo, uma moradora expressa sua indignação com a Cohab, por ter iludido os moradores com a possibilidade de um auxílio-moradia. “Que acordo é esse e que justiça é essa que sela um acordo com os moradores e de repente manda um batalhão para tirar as pessoas de suas casas à base de ameaça?”, questionou a moradora.
Edição: Lucas Botelho